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MBL lidera interações no Facebook sobre intervenção no Rio

Publicações do grupo provocaram 108,3 mil ações na rede social, 4,6 vezes mais do que o Planalto; presidenciáveis não se destacam no debate

Bruna de Lara | 16 fev 2018_21h58
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OMovimento Brasil Livre é a conta de Facebook que mais faturou até agora com o decreto federal que coloca as Forças Armadas no comando da segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Os 16 posts publicados pelo grupo com a palavra-chave “intervenção” nesta sexta-feira geraram 108,3 mil interações – 4,6 vezes mais do que as provocadas pelo Planalto, terceira conta a atrair mais ações, excetuados veículos de imprensa. Em aproximadamente nove horas, uma foto postada pelo MBL de três militares dentro de um camburão com os dizeres “Curta se você aprova a intervenção federal no Rio de Janeiro” gerou cerca de 39 mil engajamentos. Foi o post mais popular sobre o assunto na rede social ao longo do dia.

Favorável à intervenção, que considera necessária devido à “escalada surreal da violência”, o MBL fez ainda três posts criticando a lei do desarmamento, todos acompanhados por pedidos de doações financeiras. O decreto de Temer parece ter colocado em suspenso a rivalidade do grupo com o Movimento Contra Corrupção, que foi responsável por um dos dez posts com maior engajamento sobre o tema: uma reprodução da foto publicada pelo MBL minutos antes. Às 15h31, o MCC voltou a utilizar material do concorrente – dessa vez, tomando para si os créditos.

Entre os políticos, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, foi a que mais se destacou no Facebook ao comentar a intervenção. Para ela, a decisão “pode ser uma brecha para se instaurar um regime de exceção, dando margem para repressão direta, inclusive contra os movimentos sociais”. Um vídeo da parlamentar discursando no Senado, transmitido ao vivo, teve cerca de 82,1 mil visualizações e 22 mil reações, comentários e compartilhamentos.

Jandira Feghali, deputada federal pelo PCdoB, Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL, Lindbergh Farias, senador pelo PT, Paulo Pimenta, deputado federal pelo PT e Marielle Franco, vereadora do Rio pelo PSOL, foram outros nomes contrários ao decreto que se destacaram, embora tenham ficado distantes de Gleisi e, mais ainda, do MBL. Juntos, os cinco provocaram 35,5 mil interações. Em uma transmissão ao vivo, Jandira criticou a “inaptidão” do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o “desprezo pela cidade” do prefeito Marcelo Crivella (PRB), que está na Europa desde o último domingo. “Quantas vezes as Forças Armadas aqui já estiveram?”, questiona a deputada. “Resolveu?”

Único político a favor do decreto entre as 45 páginas de maior engajamento, o deputado estadual Carlos Osorio (PSDB-RJ) reconhece em um post na rede social que a decisão é “uma medida extrema”, mas afirma que “não era possível mais continuar à deriva com a população aterrorizada por marginais a qualquer hora do dia ou da noite”. Sua publicação gerou 7,9 mil engajamentos.

Nenhum dos pré-candidatos à Presidência da República se destacou no debate do tema. Os dois queprovocaram mais interações, Alvaro Dias, senador pelo Podemos, e Rodrigo Maia (PMDB), presidente da Câmara dos Deputados, conseguiram juntos 4,3 mil engajamentos. Para Alvaro, o Rio é “o retrato do caos” em matéria de segurança, e a intervenção atesta a “incompetência” do governo. Já Maia afirma que a medida é o “único caminho para se estabelecer a ordem” e que “sempre” a apoiou, contrariando reportagens que afirmam que o deputado era contrário à decisão e precisou ser convencido a acatá-la.

No início da noite, Manuela D’Ávila (PCdoB) escreveu que o “uso indiscriminado” das Forças Armadas pelo governo federal é “indesejável e perigoso”. Para a deputada federal, esse “não é o melhor caminho, conforme pronunciamentos feitos, inclusive, por autoridades militares”. Às 20h11, Marina Silva (Rede) afirmou que uma intervenção federal é a “medida mais traumática” em uma federação democrática. “Espero que esta tenha sido precedida do mais responsável planejamento, para que a respectiva execução, de fato, traga a devida proteção e amparo à sofrida população do Rio de Janeiro, em lugar de aumentar suas agruras”, comentou. Vinte minutos depois, Ciro Gomes (PDT) afirmou que “torce muito” para que a intervenção funcione, mas “duvida muito”. Até 20h45, os três juntos haviam gerado 961 interações.

Fernando Collor (PTC), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (PSD), Jair Bolsonaro (PSL), João Amoêdo (Novo) e Lula (PT) não haviam se pronunciado na rede social até a publicação desta reportagem. No Twitter, Carlos Bolsonaro, filho de Jair, afirmou que seu pai é contra a decisão, caracterizada como uma tentativa do “sistema” de “esculhambar” as Forças Armadas e “enganar a todos”.

Na descrição de um vídeo em que aparece cercado de neve, postado pouco após as 19h30, o prefeito Marcelo Crivella comentou o caso e se defendeu das críticas por sua ausência. Ele se disse “muito grato” pela atuação das Forças Armadas e alegou estar pedindo a intervenção desde o início de seu mandato. “Nunca é tarde para tomar decisões acertadas”, ressaltou o prefeito. Ele afirmou que a viagem que o afastou da cidade durante o Carnaval, uma enchente e a decisão de uma intervenção federal no estado é um passo em direção à recuperação da segurança no Rio. “A única maneira de obtermos informações de pontos onde câmeras não podem ser instaladas é através de drones de alta tecnologia, como os que viemos observar aqui.”

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