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    ILUSTRAÇÃO DE PAULA CARDOSO A PARTIR DE FOTO DE FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

questões político-eleitorais

Governo Temer apela ao PT para impedir greve dos petroleiros

Pelo telefone, ministro Marun pediu a deputados petistas que intercedessem junto a sindicalistas, mas ouviu que não podiam fazer nada

Luiza Miguez e Mariana Haubert | 29 maio 2018_22h18
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O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, telefonou a deputados petistas pedindo ajuda para evitar a greve dos petroleiros, marcada para começar nesta quarta-feira. Os telefonemas ocorreram na segunda-feira, quando a greve dos caminhoneiros ainda paralisava grande parte do país.  Dois deputados confirmaram ter recebido as ligações. E disseram que suas respostas foram negativas para o ministro.

Paulo Pimenta, do PT gaúcho, disse ter recebido ligação de Marun, em seu celular, por volta das dez horas da manhã de segunda. Segundo ele, o ministro fez um relato alarmado ao líder da bancada do PT na Câmara. “Demonstrava preocupação com as greves dos caminhoneiros e também a dos petroleiros, e sobre um eventual cenário ainda mais delicado que uma crise de desabastecimento poderia acarretar”, afirmou Pimenta à piauí.

O deputado Carlos Zarattini, do PT de São Paulo, também foi procurado pelo ministro na segunda. Marun pedia que ele tentasse falar com os sindicatos. “Mas como é que a gente vai influenciar em pauta de sindicato? Eles têm diversas tendências políticas, não é assim”, afirmou.

A greve dos petroleiros foi anunciada para começar à meia-noite de quarta-feira, convocada pela Federação Única dos Petroleiros, a FUP, por 72 horas, e pela Federação Nacional do Petróleo, a FNP. “Eu expliquei para ele que a nossa postura é de não reconhecer o governo, estamos na trincheira do ‘Fora, Temer’”, disse Pimenta, sobre a conversa com Marun.  Ainda a respeito da pressão do governo, o parlamentar disse que o ministro “ligou para a pessoa errada”.

Longe dos microfones, parlamentares do PT veem com preocupação o novo movimento grevista. Para alguns deles, a paralisação pode acabar reforçando discursos direitistas, assim como aconteceu na dos caminhoneiros, em que parte dos manifestantes pediu, dentre outras demandas, uma intervenção militar no país.

Diante do fracasso das tentativas de Marun de usar os petistas para evitar a greve dos petroleiros, outros governistas partiram para outro tipo de tática. Em entrevista ao Poder360, o líder do MDB no Senado, Romero Jucá, acusou o PT de querer “aumentar a confusão e o desabastecimento provocados pela greve dos caminhoneiros”. Ao mesmo tempo, o governo conseguiu que o Tribunal Superior do Trabalho julgasse a greve ilegal. A ministra Maria de Assis Calsing concedeu liminar favorável ao governo e escreveu na decisão que a paralisação é “aparentemente” abusiva.

A notícia da pressão de Marun ao PT chegou também à Federação Única dos Petroleiros, a FUP, que congrega 14 sindicatos e que tem entre seus membros pessoas próximas ao partido. A Federação manteve a greve, a despeito da decisão do TST.

O discurso petista que antes era pela radicalização do movimento dos petroleiros passou a ser de moderação. “A greve dos petroleiros estava marcada com antecedência. Não tem como voltar atrás. Mas está restrita à área de produção. Não haverá corte de abastecimento”, disse o senador Lindbergh Farias ao Poder360.

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