SÃO PAULO – Irritado desde a divulgação, no início do mês, de estatísticas que mostram o aumento da criminalidade em São Paulo, o governador José Serra decidiu centralizar a política de segurança. “O assunto agora está em minhas mãos”, disse o governador, envergando o uniforme marrom com que enfrenta os bandidos. Mostrando agilidade felina, Serra apareceu na coletiva descendo de um rapel preso ao helicóptero da Polícia Militar. “De agora em diante, despacharei em uniforme marrom de combate, e secretários que quiserem liberar verbas terão antes de entrar no meu gabinete com um meliante devidamente algemado”, anunciou. Sublinhando a sua determinação com um golpe de caratê que fraturou o metatarso do secretário de cultura– “O João Sayad ainda não prendeu ninguém, isso é para ele aprender” –, Serra deixou claro que todos os funcionários do Estado serão obrigados a fazer os cursos de combate urbano e invasão de favelas, “inclusive as bibliotecárias”. A política salarial do funcionalismo dependerá de uma avaliação pessoal do governador: “Quanto melhor a performance com fuzil semi-automático, maior o contracheque”, explicou. Professores da rede escolar serão avaliados em função do rendimento dos alunos em aritmética, português e ataque em pinça em áreas conflagradas. Serra avisou que espera dos funcionários o mesmo empenho que ele vem demonstrando. Desde que passou a atuar pessoalmente na repressão, o governador prendeu dois punguistas, quatro contraventores, um estelionatário,três motoboys com a habilitação vencida e um corintiano, em quem deu vários cascudos “por conta do jogo contra o Palmeiras”. Antes de se despedir aplicando uma chave de pescoço em Sayad, Serra ainda provocou a candidata do Planalto à presidência. “PAC, PAC, PAC… Eu sou mais da porrada!” A assessoria de comunicação do governador não confirmou a informação de que Serra teria desafiado Antonio “Minotauro” Nogueira para uma luta na arena de Vale Tudo que instalou nos jardins no Palácio dos Bandeirantes.