04maio2010 | 18h38 | Eleições

Programa do PT compara Dilma a Michael Jackson

A+ A- A

No programa eleitoral do Partido dos Trabalhadores exibido ontem à noite, Lula comparou a história de Dilma à de Nelson Mandela. Segundo o marqueteiro do PT, João Santana, a decisão faz parte de uma estratégia para ligar a candidata a vultos da história “com quem ela tem semelhanças inequívocas”. Em programa a ser exibido no mês da consciência negra, Dilma começará o seu discurso com as palavras “Eu tenho um sonho”. Santana lembra que a petista foi uma das primeiras pessoas no Brasil a apoiar Martin Luther King, mas não quis confirmar se a famosa expressão usada pelo líder negro nas escadarias de Washington foi sugerida por Rousseff.

Na viagem que fará esta semana a Nova Iorque, Dilma será levada ao Empire State Building, onde terá a oportunidade de manifestar a sua admiração pela cidade. “De cima desse arranha-céu, Meirelles, um século de especulação financeira nos contempla”, dirá a seu colega do Banco Central. Santana apressou-se em negar que Dilma tenha parentesco com Napoleão e explicou “que a semelhança, no caso, é de tamanho e vocação imperial”. Além disso, por causa de uma baldeação aérea, Dilma já passou quase três horas na Córsega, “o que sempre deixa marcas.”

Parafraseando a frase famosa de John Kennedy na Berlim sitiada pelos soviéticos, Dilma proclamará em Porto Alegre que “Ich bin eine Gauchin!”; em Belo Horizonte, que “Ich bin eine Mineira!”; no nordeste, que “Ich bin eine Nordestinien!” e em todo o Brasil que “Ich bin eine Lula!” (Pouca gente sabe mas foi uma jovem Dilma de férias nos EUA quem alertou a polícia de Dallas sobre o rapaz solitário que saíra correndo do depósito de livros.)

O ponto alto da campanha será mostrar ao Brasil como a trajetória de Dilma Rousseff se assemelha a de Michael Jackson. Uma sucessão de fotos da candidata ao longo dos últimos anos será comparada à transformação fisionômica do ídolo pop, numa demonstração contundente de que os dois, com o tempo, iriam virar a mesma pessoa. Em entrevista a Márcia Goldschmidt, Dilma, estóica, confessou que as operações costumam lhe provocar "sangue, suor e lágrimas", mas ela aguenta.

No front de ataque, especialistas apontaram que Santana começou a usar técnicas subliminares contra o candidato da oposição. No programa de ontem, quando o locutor mencionou que os tucanos governavam para os ricos, pôde-se ouvir, ao fundo, a música “Fight the Power”, usada em “Faça a coisa certa” de Sipke Lee. Tião Macalé também foi homenageado. Toda vez que a palavra “tucanos” era pronunciada pelo narrador, ouvia-se um “nojeeento” quase imperceptível.