27abr2011 | 11h57 | Brasil

Vítima de bullying, Requião mata 17 em Realengo

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COLUMBINE  – Num gesto que estarreceu o país, o senador Roberto Requião matou ontem 17 jornalistas em Realengo, na Zona Oeste do Rio. As vítimas eram repórteres que participavam de uma entrevista coletiva convocada pelo político paranaense. Em um vídeo encontrado no computador do senador, em Brasília, ele atribui o massacre ao bullying que sofre desde a mais tenra idade. Numa das cenas mais sinistras, o senador aparece num uniforme escolar, de calças curtas, apontando dois revólveres para a câmera e dizendo:  “É acusação de corrupção, de ser gordinho, de fazer caixa dois, de jogar mal futebol, de nepotismo, de não saber matemática, de enriquecimento ilícito: isso não pode continuar assim.”
 
Requião abriu fogo contra os jornalistas que o rodeavam quando um repórter de economia perguntou como aplicava os 24 mil reais que recebe de pensão como ex-governador do Paraná. “É pensão que você quer? Então toma uma pensão para a tua mãe”, teria dito o senador enquanto sacava duas pistolas do bolso interno do paletó. 
 
“Ele estava com o olhar transtornado e as veias do pescoço saltavam”, conta um cinegrafista atingido de raspão. “Enquanto atirava, dizia que não aguentava mais ter que responder a perguntas sem fundamento para reportagens  encomendadas. Foi horrível.” Segundo um sobrevivente, o estrago só não foi maior porque Requião tem péssima pontaria.
 
Questionado sobre o massacre, o presidente do Senado, José Sarney, declarou: “é uma questão de temperamento. Tantos anos de bons serviços à população não devem ser avaliados à luz de um pecadilho como esse.” Fernando Collor acha que a matança tem aspectos positivos. “O gesto do senador Requião tem o mérito de chamar a atenção da sociedade para o problema grave do bullying contra a classe política,” sustentou. “E um repórter a menos nunca é demais”.
 
Recém-convocado para integrar a Comissão de Ética do Senado, Renan Calheiros arquivou o pedido de investigação do crime de Requião. “Minha atuação na comissão será marcada pela luta contra o bullying”, afirmou Calheiros. Sua primeira medida foi determinar um aumento de 25 mil reais  na verba de gabinete de cada senador. “É para atendimento psicológico das vítimas”, justificou.