24maio2016 | 17h41 | The Piauí Herald

Políticos vendem cotas de patrocínio em futuros áudios vazados

A+ A- A

SOUNDCLOUD – Deslumbrados com a explosão do mercado de áudios vazados, parlamentares organizaram uma comissão para profissionalizar o procedimento. “As conversas de Jucá, Lula e Mercadante chegaram a milhões de brasileiros, ganharam interpretações pós-dramáticas no Jornal Nacional e repercutiram no exterior. Atingiram mais pessoas do que qualquer programa da Rede TV!”, avaliou Gilberto Kassab, hoje ministro interino da Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação, Marketing, Orleans e Bragança.

De acordo com as regras recém-publicadas no Diário Oficial, cada parlamentar poderá negociar quatro cotas de patrocínio nas conversas que vazarem à imprensa. O merchandising é livre. “Vale pedir um Guaraná Antártica no meio da conversa ou elogiar um filme do Leandro Hassum”, detalhou o comunicado. Em poucos minutos, todas as cotas de patrocínio foram vendidas para empreiteiras, estatais e planos de saúde. “O dinheiro financiará as próximas eleições de forma ordeira e transparente”, completou Kassab.

Na sequência, um áudio no novo formato foi vazado:

Odebrecht, Andrade Gutierrez e Petrobras apresentam: “Áudios da República”

SÉRGIO MACHADO – Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima, mais dura que concreto da Queiroz Galvão.

JUCÁ – [Em voz baixa] Jantei ontem no Piantella com alguns ministros do Supremo. A comida estava maravilhosa, principalmente a sobremesa. Os caras disseram ‘Ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca. Entendeu?’ Então… Estou conversando com os generais, comandantes Jequiti militares, com o Guaravita e o Cacique. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST e a Friboi, não sei o quê, para não perturbar.”

MACHADO – Um impeachment desceria redondo que nem Skol.

JUCÁ – Tem que ter impeachment ou terei que tomar um Rivotril, que sempre me acalma. Não tem saída.

No final do tarde, Michel Temer se manifestou sobre o trabalho da comissão: “Eu já tratei com bandidos e políticos. Lidar com marqueteiros, portanto, é mole que nem Nhá Benta da Kopenhagen”.