COMISSÃO DE ESTÉTICA – “É como se fosse o Tinder, com uma pequena diferença”, explicou o marqueteiro Elsinho Mouco, guru tecnológico do Planalto. “No Tinder, pode-se escorregar o dedo para a direita ou para a esquerda, dependendo se você gosta da pessoa. Aqui não, o usuário só pode ir para a direita.”

A declaração foi dada hoje pela manhã, durante a cerimônia de lançamento do “Propinder”, o aplicativo criado pelo governo Temer para fazer avançar a reforma da Previdência. “Nós fomos buscar o que está dando certo entre os jovens, de maneira a modernizar o processo de compra de votos, agilizando o contato entre as partes”, continuou Mouco, minutos antes de iniciar um workshop privado para deputados. “Em termos práticos, é uma paquera.”

Mouco mostrou, no Power Point, alguns perfis de deputados já inscritos na plataforma digital. “Olha o irmão do Geddel!”, exclamou, referindo-se ao perfil do deputado Lúcio Vieira Lima, do PMDB da Bahia. Leu a descrição sob a foto: “Tenho 51 milhões de motivos para você me conhecer.” Em seguida mostrou um perfil sem nome e sem foto, de um deputado do PSD. “Homem, solteiro, sem filhos, busco aliança a três”, dizia a descrição. “Tem uns que gostam de fazer mistério”, explicou Mouco, antes de vaticinar: “Agora é só dar match e já partir pro conluio no gabinete.”

Rodrigo Maia, presidente da Câmara, deu parecer favorável ao uso da tecnologia. “O Propinder pode ser um novo passo para quem é discreto mas não abre mão de uma infidelidade partidária”, explicou. “Acreditamos que ele pode ser usado para aquela combinação rapidinha de votos ou até mesmo para dar o pontapé inicial em uma negociata mais duradoura. Quem sabe um novo partido não surge daí?”