RANCHO FUNDO, BEM PRA LÁ DO FIM DO MUNDO – “Esse lançamento da dupla Esquerdinha & Direitão mostra que a arte une o que na política já é tudo a mesma coisa”, afirmou o marqueteiro Elsinho Mouco, diretor do selo fonográfico Ouvidos Moucos, responsável pelo lançamento do disco da dupla formada por Gleisi Hoffmann e Jair Bolsonaro. “Quando eu ouvi o Bolsonaro falando que usava o auxílio-moradia pra comer gente, e a Gleisi dizendo que pro Lula ser preso ia ter que matar gente, tive um estalo. Pensei: ‘comer, matar, comer matar, comer, matar’. Fiquei com isso na cabeça, até que surgiu a ideia de regravar Carcará”, explicou Mouco. “Eu ouvi barulho de caixa registradora. Aí eu pedi pro meu contador ficar quieto e liguei pros dois.”

A união, aparentemente insólita, já era esperada nos bastidores de Brasília. “Quando a gente ouvia os dois gritando um com o outro, sabia que aquilo não era briga, era ensaio pra uma ópera”, disse Mouco. A ópera, no caso, seria “Cármen (Lúcia)”, mas o projeto foi embargado por uma liminar expedida por Gilmar Mendes, que teria ficado enciumado.

Em “Carcará: Pega, Mata e Come (gente)”, Esquerdinha & Direitão revisitam a canção que alcançou sucesso na voz de Maria Bethânia. A gravação foi feita com a sobreposição de discursos proferidos por Gleisi e Bolsonaro, que depois foram mixados em Miami e Cuba. O hit já é Disco de Auxílio-Moradia (o equivalente em Brasília a um Disco de Prata) e pode chegar a Disco de Empreiteira (Diamante) dependendo do resultado da próxima eleição. O primeiro show ocorre no dia 24, em Porto Alegre, em frente ao TRF-4.