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    Quando era estudante, Nussbaum assustava as pessoas: "Não conseguiam lidar com aquela mulher articulada ao extremo, alta e atraente, que caminhava ereta e usava minissaia", diz um colega FOTO: JEFF BROWN_THE NEW YORKER

questões existenciais

A filósofa dos sentimentos

Martha Nussbaum, o envelhecimento, a desigualdade e a emoção

Rachel Aviv | Edição 122, Novembro 2016

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Em abril de 1992, Martha Nussbaum, uma das mais importantes filósofas dos Estados Unidos, se preparava para uma conferência na Universidade Trinity de Dublin quando soube que sua mãe estava à morte num hospital da Filadélfia. Só conseguiu voo para o dia seguinte. Naquela noite, ela proferiu a palestra agendada, que versava sobre a natureza das emoções. “Pensei: ‘É inumano, eu não devo fazer isso’”, comentou mais tarde. Mas concluiu: “E por que não? Afinal, estou aqui, o público está à espera.”

Depois, em seu quarto, Nussbaum abriu o laptop e começou a esboçar a próxima conferência, que ocorreria dali a duas semanas na faculdade de direito da Universidade de Chicago. No avião, na manhã seguinte, continuou digitando, ainda que com as mãos trêmulas e cogitando se havia algo cruel em sua capacidade de ser tão produtiva. Alinhava um discurso sobre a natureza da misericórdia. Como de costume, ela argumentava que certas verdades morais deixam-se exprimir melhor se contadas como uma história. Nós nos tornamos misericordiosos quando “agimos como o leitor de um romance” e entendemos a vida de cada um como “uma narrativa complexa do esforço humano num mundo cheio de obstáculos”.

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