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    Para quem vem da morosidade da capital Islamabad, cidade planejada e tensa, estar em Karachi é como acordar no Rio ou em Nova York. O trânsito é louco; ônibus decorados com penduricalhos e latarias de todas as cores nos ultrapassam, lotados, com passageiros sentados no teto FOTO: AFP PHOTO_ASIF HASSAN

notas de viagem

Bem-vindo ao Paquistão

Duas semanas no subcontinente indiano

Bernardo Carvalho | Edição 91, Abril 2014

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É véspera da viagem e ainda não sei onde vou ficar. Podia estar histérico, mas desta vez decidi manter a calma. Estou supercontrolado. Mando um e-mail ao pessoal da embaixada, em Islamabad, perguntando o nome do hotel, no caso de ter que preencher algum formulário de entrada. É uma boa razão. Não quero aborrecê-los com mais uma pergunta irrazoável depois de todas as que já fiz sobre vistos e passagens (imagino o suplício de quem passou anos estudando política internacional e acabou no Paquistão, tendo que receber um escritor brasileiro). Não quero dar má impressão, não quero que pensem que sou uma pessoa difícil. Me esforço para não irritar o diplomata, mas fico realmente sem saber o que pensar da resposta: “Fique tranquilo, Bernardo. Estamos verificando com nossa equipe de segurança qual o melhor lugar para você.” Como assim? Estão gozando da minha cara. Desde quando embaixada brasileira tem equipe de segurança? Vou ter que esperar mais uns dias para entender que, no Paquistão, ninguém está de brincadeira.

Tenho duas opções para chegar a Islamabad: por Londres, voando pela Pakistan International Airlines, ou por Dubai. O diplomata me desaconselha a passar dez horas num avião da PIA – e agora entendo por quê (retrospectivamente, depois de ter voado de Islamabad a Karachi, ao lado de passageiros locais que nem por isso parecem acostumados a viajar debaixo das cascatas de água despejadas pelo ar-condicionado, das quais tentam se proteger com os jornais distribuídos a bordo).

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