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    Por dinheiro, cubanas posam com uma noiva em Havana. Herói da ficção de Leonardo Padura, Mario Conde vive numa cidade que é o inverso de um paraíso de trabalhadores, e se considera "o merdinha de um detetive particular num país onde não existem detetives nem pessoas particulares" FOTO: DMITRI MARKINE_WWW.DMITRIMARKINE.COM

carta de Havana

Detetive particular

Um autor de romances policiais navega pela realidade menos visível de Cuba

Jon Lee Anderson | Edição 87, Dezembro 2013

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Poucos meses atrás, a Embaixada da Espanha em Havana organizou uma festa em homenagem à literatura cubana. O evento, que teve lugar no Palácio Velasco Sarrá, um prédio neocolonial nos limites da Cidade Velha, constituiu um verdadeiro tratado sobre a cautela. Fidel Castro havia fechado o centro cultural da embaixada espanhola em 2003, por medo de que cultivasse a subversão, e a sede começava a reativar sua programação. O embaixador descreveu a noite como parte da “atividade diplomática de que precisamos para nossa adaptação à realidade cubana”.

O momento alto da noite era uma palestra de Leonardo Padura Fuentes, um homem baixo, moreno, de compleição sólida, com a barba embranquecida e a expressão impenetrável de um experiente pároco de aldeia. Padura é uma figura incomum na Cuba de hoje: um romancista, jornalista e crítico da sociedade que sempre driblou a censura do Partido Comunista. Mais conhecido como autor de meia dúzia de romances policiais que conquistaram uma apaixonada legião de seguidores, tanto na ilha como fora dela, Padura não é um dissidente à moda de Soljenítsin, tampouco é um mero autor comercial. Para os intelectuais cubanos e a classe dos profissionais bem informados do país, mais que um romance, cada novo livro de Padura constitui um documento, um modo de entender a realidade cubana. Embora em público fale com cuidado, em particular o escritor admite: “As pessoas pensam que o que eu digo serve de baliza para o que pode ou não pode ser dito em Cuba.” Ano passado, ele recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Cuba, um reconhecimento tanto de sua obra literária quanto de sua destreza política.

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