Dentre as muitas habilidades de Annick Lavallé-Benny, é notável sua capacidade de interpretar garatujas. Qual uma engenheira que precisa pôr em pé a obra de um arquiteto maluco, a cenógrafa combina as referências rascunhadas por Bob Wilson para montar as cenas no computador e pensar nos mecanismos para transpô-las ao palco ILUSTRAÇÃO: ANNICK LAVALLÉE-BENNY SOBRE ESTRUTURA DE ROBERT WILSON
Garrincha em forma
Um herói brasileiro na linha de produção de Robert Wilson
Paula Scarpin | Edição 116, Maio 2016
“Chora, desabafa o teu peito”, começa a entoar uma Elza Soares envergando um vestido de plumas vermelhas, a cabeça coroada por um enorme turbante igualmente escarlate. As seis pessoas na plateia da boate emudecem. No ápice da canção Pranto Livre – “Quem não teve amor nunca sofreu” –, o som do microfone é cortado e a outra metade do palco é iluminada. Um Garrincha descalço, com a camisa do Botafogo sem o escudo, emula com uma bola imaginária dribles que mais parecem movimentos de capoeira. São cinco da tarde, e é nesse momento que um homem alto, de meia-idade, entra pela lateral do teatro, interrompendo o ensaio.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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