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    Ronald Reagan é a primeira figura pública de quem tenho lembranças nítidas. Quando eu era menino, adorava ver a imagem dele representada por um boneco de massinha num videoclipe da tevê. Sua presença era menos uma pessoa de carne e osso do que um artefato cultural

moral e cívica

Má-educação

Memórias da minha obsessão infantil com Ronald Reagan

Alejandro Chacoff | Edição 124, Janeiro 2017

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No papel, estavam impressas as fotos de dois homens. O papel era meio vagabundo, a tinta da impressora falha, e era difícil diferenciá-los ou reconhecê-los. Logo me dei conta de que eu nunca tinha visto aqueles homens. Embaixo de cada foto havia um nome. De um lado do papel, via-se GEORGE H. W. BUSH, do outro, MICHAEL DUKAKIS. Tínhamos recebido a instrução de marcar o quadrado de nossa preferência (“Marque apenas um quadrado, não os dois”). Depois os papéis seriam recolhidos e haveria uma contagem final dos votos.

Era 1988. Eu tinha 5 anos. Vivíamos na Filadélfia, num bairro perto da Universidade da Pensilvânia, onde minha mãe fazia o seu doutorado. A nossa casa era rodeada por outras casas idênticas, que por sua vez eram rodeadas de árvores escuras e simétricas, que por sua vez eram rodeadas de ruas muito parecidas umas com as outras. No inverno, a casa era sitiada pela neve, e da janela da sala só alguns galhos de pinheiros ficavam visíveis. A paisagem, então, escondia-se, tornava-se ainda mais homogênea e repetitiva.

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