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    Meu pai se recusava a aceitar a morte sem barganhar: fecharia setores do cérebro para manter o coração funcionando. Dos males, o menos pior ILUSTRAÇÃO: GERARD DUBOIS_MARLENAAGENCY.COM

história pessoal

O corpo do pai

A questão não era entender por que ele estava morrendo, era descobrir por que ainda estava vivo

Siddhartha Mukherjee | Edição 140, Maio 2018

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O telefone tocou às três da manhã. Minha mãe, em Nova Delhi, estava em prantos. Meu pai tinha caído mais uma vez e falava coisas absurdas, ela disse. E direcionou o telefone para ele, que balbuciava lentamente palavras sem sentido, num tom irreconhecível, agudo e anasalado. Repetia sem cessar seu apelido, Shibu, e o nome da aldeia de sua infância, Dehergoti. Era como se ministrasse a si mesmo a extrema-unção.

“Leve ele para o hospital agora mesmo”, pressionei-a do outro lado da linha, de Nova York. “Vou pegar o próximo voo.”

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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