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    Num show em Porto Alegre, em 1990, Renato Russo foi melodramático e hiperbólico -- mas sobretudo corajoso ao dedicar Meninos e Meninas a um ex-namorado ILUSTRAÇÃO: KLEBER SALES_2015

questões do pop

O oráculo divergente

Minhas falsas memórias sobre o verdadeiro Renato Russo

Michel Laub | Edição 108, Setembro 2015

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No dia 19 de maio de 1990, a banda de rock Legião Urbana subiu ao palco do Gigantinho, em Porto Alegre, para um dos shows da turnê do LP As Quatro Estações, lançado no fim do ano anterior. Há um vídeo dessa apresentação no YouTube, no qual os enquadramentos são um tanto estáticos para os padrões atuais desse tipo de transmissão. A imagem é ruim, o som é achatado, há cortes e um ligeiro delay em alguns trechos. Renato Russo, o vocalista, letrista e líder do grupo, usa um bigode e uma camisa de estampa abotoada no colarinho que poderiam ser transportados para uma caricatura hipster de 2015.

A precariedade e o anacronismo do que aparece na tela nos direcionam para uma apreciação irônica, condescendente. E, no entanto, minha memória daquela noite tem outro registro. Eu acabara de completar 17 anos e estava terminando o colégio. O ingresso que havia comprado era falso e, ao ser barrado na roleta, fui encaminhado para uma sala no Estádio Beira-Rio, do Internacional, que fica ao lado do Gigantinho. A produção manteve ali cerca de trinta vítimas do golpe, com a promessa de permitir nossa entrada caso não houvesse risco de segurança num ginásio já superlotado – o que acabou ocorrendo durante a terceira música do show.

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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