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    Depois de se engajar na luta por justiça social durante a faculdade, Aaron Pitkin concluiu que os animais sofriam mais do que os humanos. Na base da cadeia alimentar, os não mamíferos – menos inteligentes ou bonitinhos – eram os mais oprimidos de todos. Quase ninguém pensava nos frangos FOTO: HENK WILDSCHUT_ FOTO DA MOSTRA DOCUMENTANDO A HOLANDA: O PÃO NOSSO DE CADA DIA_EXIBIÇÃO NO MUSEU RIJKS_AMSTERDAM, 2013

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Os mais oprimidos de todos

Os dilemas de um ativista

Larissa MacFarquhar | Edição 135, Dezembro 2017

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Quando jovem, Aaron Pitkin procurava uma causa a que pudesse devotar a vida – algum meio de aliviar o sofrimento que via no mundo –, e ele a encontrou nos frangos. Era uma questão de números. Mais de 8 bilhões de frangos morriam a cada ano nos Estados Unidos, quase 1 milhão por hora. Dentre os animais abatidos para consumo, eles eram, sem sombra de dúvida, a grande maioria, dadas suas reduzidas dimensões – pouca carne para muita morte, terrível. E o tratamento que recebiam nas granjas antes do abate o indignava – as aves sofriam de dor crônica praticamente durante as seis semanas que viviam, tão gordas que as pernas não sustentavam o corpo, sentadas sobre os próprios excrementos, cobertas de feridas. Aaron vislumbrou que, se descobrisse como melhorar a vida dos frangos, a carga de sofrimento a ser subtraída do mundo seria muitas vezes maior do que qualquer outro expediente que lhe passasse pela cabeça.

Não que os frangos fossem mais importantes do que as pessoas, ou mais inocentes ou fofos. Ele se impressionava por eles serem mais indefesos e até mais massacrados que as mais oprimidas das gentes; o sofrimento daquelas aves era maior, e mais injusta sua condição. Ele não perdia tempo cogitando se um frango seria de fato mais feliz em outras circunstâncias. Não lhe interessava a felicidade; seu lance era a dor.

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