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    Barragem de Fundão, em Mariana (MG) FOTO: CRISTIANO MASCARO E PEDRO MASCARO

questões da política

Vale quer rever sociedade com BHP

O rompimento da barragem de minério de Fundão afetou dramaticamente a imagem das duas maiores mineradoras do mundo

Consuelo Dieguez | 04 jul 2016_19h11
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O rompimento da barragem de rejeito de minério de Fundão, pertencente à mineradora Samarco – controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton –, afetou dramaticamente a imagem das duas maiores mineradoras do mundo. Tanto que a brasileira está revendo seus planos quanto à participação na Samarco. O diretor jurídico da empresa, Clóvis Torres, disse que tanto a Vale quanto a BHP estão preocupadas em mitigar os danos provocados pela tragédia. Passado o período de turbulência, no entanto, os sócios teriam que discutir a relação: a mineradora brasileira não quer mais trabalhar em joint venture com a BHP. O executivo não adiantou o que será feito, mas disse que, se a Samarco sobreviver à tormenta e for autorizada a retomar suas atividades, as controladoras terão que decidir quem irá operar a companhia. Hoje, embora controlada pelas duas gigantes do setor, a empresa tem uma gestão independente. Ao ser indagado sobre como será a operação futura, Torres afirmou que ou a BHP irá gerir a Samarco, ou a Vale. “Poderemos até continuar sócios, se ambos desejarem, mas não teremos mais uma joint venture com operação independente da Samarco.”

Torres evitou criticar abertamente os gestores da Samarco pelo rompimento da barragem que, em 5 de novembro do ano passado, matou dezenove pessoas e deixou um rastro de destruição ambiental que parte de Mariana, em Minas Gerais, e chega ao litoral do Espírito Santo. Mas informou que, se na negociação com a BHP ficar acertado que a Vale assumirá sozinha a Samarco, a empresa desaparece e passa a fazer parte da brasileira. “Esse acidente foi uma tragédia e um desgaste para nós. Nunca mais permitiremos que uma empresa fique fora do nosso controle direto. Não vamos admitir gestões separadas”, disse Torres.

O acidente também suscitou discussões na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Fiemg. O presidente da entidade, Olavo Machado, encomendou  ao Instituto Bioatlântica, Ibio, um mapeamento da bacia do rio Doce. De acordo com o estudo, se antes a bacia já estava comprometida, depois da invasão de lama a região entrou em estado de calamidade. Machado já disse a seus pares que, se nada for feito, em breve a região se tornará uma área estéril. Para ele, agora existe uma chance de melhorar as condições da bacia. Uma das propostas que a Fiemg quer discutir com a indústria mineira e o poder público é o fim das barragens de rejeito como as de Fundão, substituindo-as por uma mineração sustentável. Uma das alternativas é aproveitar os rejeitos na produção de tijolos, telhas, pisos e até na construção de estradas, o que contribuiria não só com a melhora do meio ambiente – já que as barragens são estruturas de grande poder de destruição –, mas para o desenvolvimento de uma nova indústria em Minas Gerais.

 

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