A relação dos Estados Unidos com o Brasil alcançou um de seus pontos mais altos em agosto de 1942, com a entrada do nosso país na Segunda Guerra ao lado dos Aliados.
Os Estados Unidos haviam declarado guerra ao Eixo em dezembro de 1941, após a destruição de sua frota na Ásia pela aviação japonesa, num episódio que chocou profundamente os americanos.
Getúlio Vargas hesitava desde 1939 e muitos membros de seu governo (sobretudo militares) demonstravam uma simpatia aberta pelo Eixo e estavam convencidos da vitória final de Hitler.
Mas após a entrada em guerra dos Estados Unidos, a balança claramente pendeu para o lado dos Aliados, e o torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães em fevereiro de 1942 convenceu definitivamente Vargas.
Neste contexto, a breve visita do presidente americano Franklin Roosevelt a Natal no início de 1943 para encontrar-se com Getúlio Vargas foi um evento de grande importância, pois havia muito que decidir a respeito da guerra na Europa. Ocorreram nessa ocasião acordos fundamentais que resultaram na criação da FEB (Força Expedicionária Brasileira) e na decisão de enviar tropas brasileiras para a guerra na Itália.
A visita foi curta, apenas um dia, em 28 de janeiro de 1943, mas o clima do encontro foi particularmente amigável e a depois chamada “Conferência de Natal” rendeu uma foto histórica em que os presidentes aparecem às gargalhadas, a bordo de um jipe, onde até o oficial que serve de motorista também sorri.
Talvez essa foto nunca tenha sido vista por Roosevelt, pois seu fotógrafo oficial tirou outra, mais sisuda, que representa os presidentes no mesmo jipe. O presidente americano achou essa imagem boa o suficiente para resolver mandar uma cópia para seu colega, no Rio de Janeiro, que havia encontrado anteriormente por um único dia, em 1936. Roosevelt faz sobre a foto uma dedicatória cordial ao seu “velho amigo” Vargas, e a envia com uma carta em papel oficial da Casa Branca, ambas reproduzidas nesta página.
Estes autógrafos podem ter sido oferecidos por Getúlio a algum amigo, pois aparentemente nunca fizeram parte de seu arquivo privado. Este foi cuidadosamente organizado após o suicídio de Vargas em 1954 por sua filha, Alzira Vargas de Amaral Peixoto, e encontra-se hoje depositado no CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas), no Rio de Janeiro.
Os descendentes desse amigo puseram os dois documentos à venda no início da década de 1990, quando foram adquiridos por seu atual detentor.