No final de agosto de 1939, Oswald de Andrade e sua mulher, Julieta Bárbara Guerini, embarcaram para a Europa, onde o escritor participaria de um congresso em Estocolmo, na Suécia. Poucos dias depois, no início de setembro, quando o casal já se encontrava em Paris, estourou a Segunda Guerra Mundial. O espaço aéreo foi fechado, e os portos franceses se encontravam em estado de alerta máximo, por causa de submarinos e destroieres alemães que rondavam o Atlântico. A única saída para o escritor e sua mulher era tentar sair da França o mais rápido possível, atravessar a Espanha e alcançar Portugal, de onde seria mais fácil embarcar de volta para o Brasil.
“Pegaram uma carona inicial até Tours, a cerca de 240 km de Paris. De lá, por falta de outro meio de transporte disponível, utilizaram boa parte do dinheiro que levavam consigo para subornar o motorista de uma ambulância que os conduziu até Bordeaux, 350 km adiante. Os curiosos que se apinharam em torno do veículo ficaram atônitos ao ver sair dele não feridos de guerra, mas o casal de brasileiros carregados de malas, frasqueiras e valises”, conta o jornalista Lira Neto na biografia Oswald de Andrade: Mau Selvagem, a ser lançada neste mês, da qual a piauí publica um capítulo. Lira Neto é autor de Getúlio, biografia de Vargas, em três volumes.
De Bordeaux, Oswald de Andrade e Julieta Guerini foram em um trem lotado de soldados até Biarritz, já perto da fronteira espanhola. Lá, conta Lira Neto, depararam-se com o que Oswald definiu como “a mais alta ralé do mundo”: “Condes da Espanha, ladies inglesas, a alta burguesia da França, turistas e cosmopolitas de toda parte.” Seguiram em frente, atravessaram a Espanha de trem e chegaram a Portugal, que se autodeclarara “território neutro” na guerra contra os nazf
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