De um lado, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, reconhece que o governo federal ainda não compreendeu as razões das inúmeras e cada vez maiores manifestações pelo país – brotadas das redes sociais e que invadiram as ruas sem carros de som, sem lideranças identificadas e sem ligações partidárias.
Por outro lado, em entrevista publicada pelo jornal , em 2008, o sociólogo espanhol Manuel Castells já afirmava que “o poder sempre se baseou em controlar as pessoas por meio do controle da informação e da comunicação. Só que a internet não pode ser controlada. Isso explica por que os poderes têm tanto medo da internet.”
De um lado, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, comandada pelo deputado federal Marco Feliciano, aprova o projeto que permite aos psicólogos tratar a homossexualidade. Agora, se for aprovada por mais duas comissões – a de Seguridade Social e a de Constituição e Justiça –, a proposta da cura gay seguirá, acompanhada de sua idiossincrasia e de seu atraso, rumo ao plenário da Câmara.
Por outro lado, minha filha escreve e publica em sua página no Facebook o seguinte texto: “Sempre, desde pequena, me encantei pelos momentos históricos onde as pessoas vão às ruas lutar pelos direitos da população. Acordei ansiosa para colocar a minha toalha branca na janela, vestir branco e ir para o trabalho. Dirigi de Botafogo até a Barra procurando nas ruas aqueles que, da forma que podiam, estavam juntos nessa causa. Passei o dia monitorando tudo o que saía e, infelizmente, não consegui sair do trabalho antes das 20h para participar da manifestação. Os nossos políticos não me representam, nem os vândalos. Mas a todos vocês que protestaram pacificamente, muito obrigada. Foi lindo. É lindo ver o Brasil reagir.”
Esse é um blog sobre futebol, eu sei. Mas, com tanta coisa acontecendo de um lado e de outro, fica difícil falar da satisfação de ver Xavi e Iniesta com a bola nos pés ou da alegria de ver uma seleção ingênua e romântica sair de campo comemorando uma derrota por seis a um. Nada pode ser mais empolgante do que assistir à maior arquibancada do Brasil ocupada por gente sem líderes e sem partidos, mas repleta de vontade de transformar isso aqui num lugar mais bacana.
(foto: I Hate Flash)