A quarta aula da série A longa arte de Antonio Carlos Jobim, que celebra a obra de um dos maiores artistas do país nos trinta anos de sua morte, esmiúça a parceria do músico com o compositor Chico Buarque. O material já está disponível no canal da piauí no YouTube.
Nestrovski argumenta que as primeiras canções fruto desse encontro, como Pois é, Sabiá e Retrato em Branco e Preto, todas de 1968, significaram uma lufada de frescor na obra do pianista, à época com 41 anos e consagrado no Brasil e no exterior pelo desenvolvimento da bossa nova. “O hoje octogenário Chico Buarque tinha só 24 anos. Essas letras deram o estímulo, o impulso que Tom Jobim precisava para se desligar da bossa nova. Ele já estava nesse processo, mas essas músicas foram fundamentais para ir adiante em uma nova direção. Não é por acaso que quatro anos depois ele viria a compor letra e música de Águas de Março, uma canção que não poderia ter sido escrita daquele modo não fora o exemplo de Chico Buarque.”
Em Retrato em Branco e Preto, Nestrovski explica que Jobim levou ao extremo algo que já estava incorporado à música brasileira desde os anos 1930, mas que se acentuou na bossa nova: a transformação da melodia natural da voz em canção – expediente também fundamental na obra de João Gilberto. Outro detalhe, segundo o violonista, é que a melodia de Jobim “parte de elementos mínimos, que nem parecem música, para extrair o máximo deles.”
“Depois de Vinicius de Moraes, Chico Buarque é, sem dúvida, o parceiro, aprendiz e maior sucessor da longa arte de Antonio Carlos Jobim”, complementa Nestrovski.
A série gravada em São Paulo, na Associação Cultural Cachuera, é realizada pela piauí em coprodução com a Jobim Music, e tem o patrocínio da Natura.