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    FOTO: BRUNO SANTOS/FOLHAPRESS

questões da política

Alckmin e a estratégia do “vai e racha”

Julia Duailibi | 02 mar 2016_17h42
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O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) quer disputar a Presidência da República em 2018. Para disputar a Presidência da República em 2018, o governador paulista Geraldo Alckmin  quer emplacar um nome de sua confiança na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2016. Para disputar a Presidência da República em 2018 e emplacar um nome de sua confiança na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2016, o governador paulista Geraldo Alckmin  racha o PSDB no seu próprio quintal, São Paulo. Como São Paulo é o principal reduto eleitoral dos tucanos, para chegar à Presidência da República em 2018, o governador paulista Geraldo Alckmin mina suas próprias chances de chegar à Presidência da República em 2018.

O nome de confiança que Alckmin tenta emplacar na próxima eleição para prefeito é o do empresário e apresentador de tevê João Doria Junior. No próximo dia 20, Doria Junior disputará o segundo turno das prévias com o vereador Andrea Matarazzo, apoiado por fundadores do PSDB, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e José Serra, bastiões da ala tucana que nunca engoliu Alckmin e que o considera um político caipira e medíocre. Matarazzo tentou o apoio do Palácio dos Bandeirantes na construção de sua candidatura, mas Alckmin o vê com desconfiança. Para o governador, a candidatura de Matarazzo interessa a outro projeto de disputa pela Presidência em 2018, o de José Serra.

Sem um nome para fazer frente a Matarazzo, Alckmin tirou Doria Junior da cartola e, recorrendo à máxima do “choque de gestão”, cara aos tucanos, passou a propagar as benesses de um candidato com experiência no setor privado. Mas não era fácil tirar a candidatura de Doria Junior do chão. Nos últimos meses, para decolar, ela teve de contar com dinheiro e com a mãozinha do Palácio dos Bandeirantes e de seus tentáculos na Assembleia Legislativa, onde Alckmin tem a maioria. Secretários e deputados saíram pela cidade em nome do governador e de seu candidato.

“A não ser que Doria tenha um carisma maior que o do John Kennedy, é curioso que, em quatro meses, tenha tido mais votos que Bruno Covas e José Aníbal”, disparou Matarazzo, numa referência à votação do deputado Ricardo Tripoli, o terceiro colocado nas prévias, apesar do apoio de Aníbal e Covas, que têm força na militância tucana na cidade. “O que aconteceu aqui é exatamente o que o PSDB questiona na eleição da Dilma”, reclamou Matarazzo, aludindo às acusações do PSDB de abuso de poder na campanha petista de 2014. O abuso de poder, agora, partiria de Alckmin. A campanha de Doria Junior acabou alvo de denúncia de compra de votos, mas o governador não deu muita bola. “Só pode passar na cabeça de um João Doria Junior essa ideia de que, se for candidato a prefeito de São Paulo, vai ajudar Geraldo Alckmin a ser candidato a presidente em 2018”, afirmou o ex-governador Alberto Goldman, um dos que levantam questionamentos sobre a candidatura do empresário, deixando evidente o racha e o desprezo pelo escolhido do governador: “Se o modelo de gente que Alckmin tem é João Doria Junior, esse não é o meu.”

Apesar de mirar 2018, o que realmente norteia o comportamento de Alckmin é 2008 – ainda. Ele não digere o que considera uma traição patrocinada pelos tucanos ligados a Serra, que, na eleição daquele ano, deixaram de apoiar sua candidatura a prefeito pela legenda para bancar a reeleição de Gilberto Kassab, então no DEM. Serra era governador e trabalhou pela vitória de Kassab, que fora seu vice. Escanteado pela máquina tucana, então nas mãos de Serra, Alckmin acabou a eleição em terceiro lugar, foi dado como um cadáver político e precisou da ajuda de amigos para conseguir fazer umas palestras e pagar as contas. Desde então, a desconfiança em relação a essa ala do partido, que considera esnobe e de intelectuais da USP que “não amassam barro”, baliza seu planejamento político.

Agora, passou a defender as prévias alegando que elas “oxigenam” o partido. “A gente não está acostumado com prévias. Somos acostumados com partido-cartório, com partido de livro de ata, que decide em restaurante com mesa de vinho importado”, disse anteontem sobre 2006, quando FHC, Serra, Aécio Neves e Tasso Jereissati foram flagrados matando duas garrafas de vinho num restaurante nos Jardins, enquanto definiam o candidato a presidente da República pelo PSDB naquele ano. Alckmin não foi convidado para o festim. Enquanto isso, bem a seu estilo, reunia-se numa churrascaria com o baixo clero do partido.

É provável que Alckmin alcance a vitória e faça de Doria Junior o candidato à prefeitura pelo PSDB. Aliados de Matarazzo, porém, não deixarão barato. Já recorreram ao diretório municipal contra os abusos que dizem ter ocorrido na campanha do primeiro colocado nas prévias. Prometem ainda recorrer ao estadual, onde Alckmin tem a maioria. Mas querem mesmo é chegar ao último recurso, que será o diretório nacional. Aí as coisas complicam. Porque quem manda no nacional hoje é Aécio Neves – tendo Alckmin como possível adversário interno em 2018, o mineiro não vai achar de todo ruim questionar a lisura da eleição patrocinada pelo Palácio dos Bandeirantes. “O negócio agora é constranger”, disse um aliado de Matarazzo, que, se derrotado, pode sair do PSDB e disputar a prefeitura por outra legenda, como o PSD de Gilberto Kassab.

O PSDB sairá rachado das prévias, no principal colégio eleitoral do país, e num momento em que o maior adversário, o PT, está nas cordas. A disputa entre Doria Junior e Matarazzo, da maneira que se desenrolou até agora, ajudará, em tese, a vida de Fernando Haddad, pré-candidato à reeleição pelo PT, e de Celso Russomanno, líder nas pesquisas de intenção de voto e pré-candidato pelo PRB. Sobrará a Alckmin, que quer disputar a presidência da República em 2018, um partido esfacelado.

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