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    MONTAGEM DE PAULA CARDOSO EM FOTO DE PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS

questões de mídia e política

Alcolumbre ganha asas

Presidente do Senado toma o lugar de Eduardo Bolsonaro e se torna um dos políticos mais citados em novembro

Emily Almeida | 10 dez 2019_17h32
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Em meio à tramitação do projeto de lei que autoriza a prisão após condenação em segunda instância, um nome novo ganhou asas no Twitter: o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). De outubro a novembro, o senador amapaense cresceu 870% em menções na rede. Chegou a 1,9 milhão de citações, mais do que o 1,5 milhão de citações que alcançou em todo o primeiro semestre de 2019. Os dados são da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (Dapp-FGV) que, a pedido da piauí, monitora, desde janeiro, menções a figuras políticas ligadas ao governo Bolsonaro na rede social.

Normalmente de desempenho discreto nas redes, Alcolumbre subiu tanto em novembro que só ficou atrás do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (2,8 milhões), líder do ranking desde abril. 

Movimentos coordenados de grupos de direita são um dos motivos para que Davi Alcolumbre tenha surgido entre as figuras políticas mais lembradas no Twitter. Um, em específico, pede a abertura do processo de impeachment dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. A ação tomou forma depois que a prisão após condenação em segunda instância foi revogada no Supremo, e a pressão para que o assunto seja colocado em pauta caiu sobre o presidente do Senado. A hashtag #AbraImpeachmentAlcolumbre ficou entre os assuntos mais comentados na rede em 18 de novembro. No dia anterior, protestos isolados contra a decisão do STF tomaram forma em algumas capitais do país.

No mesmo mês, Alcolumbre usou seu perfil no Twitter para lamentar a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre um possível pedido de um novo AI-5, dependendo da temperatura das manifestações nas ruas. “É inadmissível a todo momento uma declaração que remonta ao passado triste da nossa história, como o retorno do AI-5, vir à tona. O caminho para a prática da democracia é o respeito ao país”, publicou o senador. O tuíte gerou respostas negativas de apoiadores do governo, que acusaram Alcolumbre de usar a declaração para desviar o foco da votação pela prisão em segunda instância. Nesta terça (10), a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou, por 22 votos a 1, o projeto de lei que autoriza a prisão depois de uma condenação em segunda instância. A proposição segue para uma votação em segundo turno amanhã e poderá ser encaminhada para a Câmara dos Deputados.

O presidente do Senado também esteve no alvo de ataques durante o mês de junho, quando apareceu entre os cinco mais citados. Naquele mês, com 47 votos favoráveis e 28 contrários, o Senado votou pela derrubada do decreto que flexibilizaria a posse e o porte de armas no país. A votação trouxe consigo uma onda de ameaças aos senadores que declararam votos contrários à aprovação. Davi Alcolumbre condenou as ameaças publicamente. “Cobrem os senadores do seu estado”, anunciou Bolsonaro em um tuíte, antes da revogação.


O pico de citações ao senador se dá em um momento de acordos com a Câmara, principalmente com relação à tramitação do projeto que autoriza a prisão após condenação em segunda instância. Tanto Alcolumbre quanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), são vistos como obstáculos para o avanço da agenda bolsonarista.

Correligionário de Alcolumbre no DEM, Maia surgiu como o sétimo político mais lembrado na rede em novembro, com 805 mil menções. Durante o mês de outubro, porém, o presidente da Câmara não esteve nem entre os dez políticos mais citados – acumulou apenas 546 mil citações enquanto as redes concentravam suas atenções na disputa entre o filho Zero Três do presidente da República, Eduardo, e a deputada Joice Hasselmann pela liderança do PSL.

Eduardo Bolsonaro se mantém como um dos mais citados. O ex-vereador Carlos Bolsonaro, o filho zero dois, mesmo com seu sumiço das redes, teve um aumento de 16% nas menções em novembro em comparação com o mês anterior. Já o filho zero um, o senador Flavio Bolsonaro, caiu 36%. O desfecho do embate entre Hasselmann e o zero três ganhou forma em uma ação do Conselho de Ética da Câmara. Sem o apoio do PSL, Eduardo responderá por ter sugerido a convocação de um novo AI-5 e por referir-se a Joice Hasselmann como “Peppa Pig”, uma personagem de desenho animado, nas redes sociais. Em novembro, as menções a Hasselmann despencaram de 1 milhão para 545 mil. 

Outros personagens do governo também cresceram: tanto o ministro da Educação, Abraham Weintraub, quanto Paulo Guedes duplicaram em menções (passaram para 1,1 milhão e 801 mil, respectivamente). Com a queda de Hasselmann, a deputada Bia Kicis se consolida cada vez mais como uma das figuras do PSL em ascensão. Desde setembro, as menções a Kicis só crescem. 

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