Estava em São Paulo, com duas horas livres, na sexta-feira à tarde. O trânsito, para supresa geral, não estava dos piores. Fazia muito calor e um temporal era esperado. Pensei rever “Utopia e Barbárie”, dirigido por Silvio Tendler, que também estava estreando, mas as únicas três sessões, em três cinemas distantes de onde estava, eram em horários que não me convinham. “Alice no País das Maravilhas”, por sua vez, estava sendo exibido em todos os bairros da cidade, com sessões contínuas até de noite. Num raio de dois quilômetros, havia quatro cinemas para escolher, com opção de cópias dubladas em 3D, ou legendadas em duas dimensões. Um leque amplo de oferta para atender público infantil e adulto. Resultado, Tim Burton ganhou mais um espectador. E Silvio Tendler ficou para outro dia.
Desde que meu neto pediu para sair no meio de “Alvin e os esquilos 2”, estava à procura de um filme para uma segunda experiência de ida ao cinema. Mas desta vez, para evitar a repetição do desastre, resolvi conferir antes. E achei que o estado das minhas pupilas, somado ao 3D, permitiria ver o filme de uma maneira que nem a fantasia de Tim Burton imaginara.
A experiência não foi das piores. Deu para concluir que não é um filme para ele. Continuaremos vendo juntos as versões de Walt Disney de “Branca de Neve e os sete anões”, “Os três porquinhos” e outros, em DVD, até que surja algum novo filme adequado à idade dele. Por enquanto, identificando-se com o Dunga, ele parece feliz.
Quanto à “Alice no País das Maravilhas”, não foi minha vista que ficou irritada com os abusos de Tim Burton. Consegui ver muito bem a transformação de Alice em Joana d’Arc, cortando a cabeça do monstro para ganhar a guerra e voltando ao país sem maravilhas para se engajar na expansão comercial do império na China. Pobre Lewis Carroll! Ter Alice abusada é crime. Fica aqui nosso protesto e solidariedade.