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    Dalton Trevisan em sua antiga casa, na Rua Ubaldino do Amaral, em desenho de Poty: o escritor preferia trabalhar na edícula que mandou construir no quintal e que chamava de “cabana” CRÉDITO: POTY_1992

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Aos 99 anos, Dalton Trevisan cuida da reedição de seus contos

Escritor também trabalha na organização de seu acervo, com volumosa correspondência

Leonardo Fuhrmann | 12 jun 2024_09h10
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O escritor Dalton Trevisan viveu durante 68 anos em uma casa na esquina das ruas Ubaldino do Amaral e Amintas de Barros, em Curitiba. O imóvel é uma das raras construções da década de 1920 que sobraram no bairro Alto da Glória. Ao longo dos anos, adquiriu uma aparência de abandono que ajudou a reforçar a imagem de Trevisan como “o vampiro de Curitiba”, epíteto que herdou de um personagem seu, do livro homônimo publicado em 1965. O escritor nunca se incomodou muito com grandes reformas na casa, que era frequentada por raros amigos.

Em 2021, Trevisan se mudou para um apartamento de 120 m² na Alameda Doutor Muricy, em uma das regiões mais agitadas do Centro de Curitiba. É lá que ele irá passar seu aniversário, em 14 de junho. Aos 99 anos, continua a trabalhar em novas edições de seus contos e na organização de seu acervo, que inclui uma vasta correspondência, informa Leonardo Fuhrmann, na edição deste mês da piauí. O escritor continua arredio à imprensa, recusa pedidos de entrevistas e nunca aceita ser fotografado.

Desde a década de 1940, Trevisan preservou centenas de cartas trocadas com amigos, tradutores e críticos. A correspondência com o escritor e jornalista mineiro Otto Lara Resende (1922-92), da qual o curitibano guardou cerca de seiscentas cartas, é a mais volumosa do seu acervo. Ele também se correspondeu com o cronista Rubem Braga (1913-90), o jornalista Ivan Lessa (1935-2012), o ensaísta literário Antonio Candido (1918-2017), entre outros. Não está prevista, no momento, a publicação dessas cartas. Mas seus contos estão ganhando novas edições, inclusive voltadas ao público infanto-juvenil.

Ele sai pouco de casa e gosta de assistir a filmes no streaming ou na tevê por assinatura. Assim como prefere reler os livros prediletos, revê várias vezes alguns filmes, em busca de detalhes e curiosidades. Prefere os faroestes e os clássicos italianos de Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Ettore Scola e outros. Recentemente, tomou gosto pelo cinema argentino e pelos filmes dos irmãos Joel e Ethan Coen. 

Nos últimos anos que morou na Rua Ubaldino do Amaral, o escritor, além de enfrentar a deterioração da casa, começou a lidar com importunações de usuários de drogas e ladrões, que invadiam o terreno de madrugada. Em 2022, ele vendeu o imóvel, e no local será construído agora um prédio de dez andares. A casa – uma das mais célebres e misteriosas de Curitiba – deve ser restaurada e preservada, mas não se sabe ainda se para uso do condomínio ou se aberta à visitação do público. 

Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.

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