A redução da biodiversidade no planeta afeta diretamente o bem-estar dos humanos. Um dos principais motivos dessa crise é a destruição de habitats naturais, causada por um combo de desmatamento, agronegócio, aquecimento global, caça e poluição. Em cinco décadas, a abundância da população de animais selvagens caiu a um terço do que era. Nos países da América Latina e do Caribe, o cenário é ainda pior: houve uma queda de 94% no tamanho das populações monitoradas pela ONG WWF (World Wide Fund for Nature). Desde 2003, dobrou o número de animais ameaçados de extinção no Brasil. Os anfíbios, enquanto isso, perderam quase metade de seu habitat original no Cerrado e na Amazônia. O =igualdades desta semana mostra o tamanho da perda de espécies animais no planeta.
Houve um declínio médio de 69% entre 1970 e 2018 nas populações de animais selvagens monitorados pela WWF em todo o mundo. População é um grupo de animais que pertencem à mesma espécie, vivendo no mesmo local em um determinado momento. Portanto, a alteração na taxa de abundância de 31.821 populações, representando 5.230 espécies, teve um declínio de 69% em cinco décadas.
Entre os animais analisados no relatório da WWF, 10% das populações e um quinto das espécies são brasileiras. A América Latina e o Caribe registraram a maior diminuição de tamanho das populações de animais monitorados entre 1970 e 2018, totalizando 94%. Já a América do Norte, 20%.
De acordo com a Lista Vermelha realizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), um quinto das espécies do mundo estão ameaçadas de extinção. Um levantamento feito em 2022 monitorou 87 mil espécies e concluiu que 16,9 mil delas estão sob risco.
Mais de 1,2 mil espécies da fauna brasileira estavam ameaçadas de extinção em 2022, sendo que 465 estão na categoria vulnerável, 425 em perigo, 358 criticamente em perigo e uma está extinta na natureza. Em 2014, eram 1.173 espécies sob risco de extinção e, em 2003, eram 627.
Os peixes e as aves representam mais da metade dos animais sob risco de extinção no Brasil, segundo levantamento do ICMBio com dados do Ministério do Meio Ambiente. Dos 1.249 animais na lista, são 257 espécies de aves, 59 de anfíbios, 71 de répteis, 102 de mamíferos, 97 de peixes marinhos, 291 de peixes continentais, 97 de invertebrados aquáticos e 275 invertebrados terrestres.
Os anfíbios foram os que mais perderam vegetação nativa na Amazônia e no Cerrado até 2019, seguido por lagartos e serpentes, mamíferos e aves. Cerca de 43% do habitat original dos anfíbios foi perdido e convertido em outros usos do solo, principalmente pela produção de soja ou criação de bois.
A população de botos amazônicos destacou-se como uma das que mais diminuíram nas últimas décadas. A espécie está sofrendo contaminação por mercúrio, assim como captura não intencional em redes e uso como isca de pesca. Entre 1994 e 2016, houve uma queda de 65% na população de boto-cor-de-rosa na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas.