Em tempos marcados pela desinformação, o papel do jornalismo cresce. Foi este o principal aprendizado para os quinze estudantes contemplados com a bolsa YouTube para o Festival piauí de Jornalismo. As bolsas foram oferecidas a alunos de qualquer curso de universidades públicas, que fizeram o ensino médio em escolas públicas e que residem na Grande São Paulo. Dez das quinze vagas foram destinadas a candidatos autodeclarados negros ou indígenas.
Daniel Reis, 42, aluno do Instituto de Matemática e Estatística da USP, escreve em seu Facebook sobre militância negra e ficou sabendo da oportunidade porque é ouvinte assíduo do Foro de Teresina. O estudante conta que se surpreendeu positivamente com o festival porque os assuntos estão sendo abordados de uma forma menos técnica e mais acessível, inclusive para pessoas que, como ele, não são da área. “Eu estou muito mais acostumado com a ideia científica da coisa, então até chegar aqui eu estava chamando de congresso internacional. Quando cheguei, vi que realmente tem cara de festival. É uma festividade da informação bem colocada”, diz Reis, que pretende começar a atuar no jornalismo de dados.
O clima de festa e aprendizado é estimulado pela troca de experiências com convidados vindos do mundo inteiro. Os estudantes destacam a oportunidade de estar lado a lado com grandes inspirações na profissão, ao mesmo tempo em que conhecem experiências inovadoras de jornalismo. “É enriquecedor saber o que e quem está por trás de um jornalismo bem feito. Muito se fala em crise do jornalismo, e a gente que estuda fica meio preocupado com o futuro. Estar aqui é perceber que existem muitas possibilidades na profissão, muitos caminhos a seguir”, explica Yasmin de Araújo, 19, aluna de Jornalismo da USP.
A edição deste ano do festival tinha como tema “Com a Pulga atrás da orelha: Notícias que parecem mentiras e mentiras que parecem notícias”. Muitos bolsistas ressaltaram a importância do trabalho jornalístico para a democracia. Para Aline Freire, 30, o festival reacendeu um amor antigo que havia sido deixado de lado. Ela atuou por três anos como jornalista, escrevendo sobre cinema, e durante a pandemia acabou largando a profissão. “Atualmente faço letras, porque precisava retornar ao mercado de trabalho, mas a minha paixão é o jornalismo. Sempre tive o sonho de participar do festival, mas nunca tive condições financeiras de vir. Quando vi meu nome na lista, foi uma alegria gigante!”
Entre as tantas oportunidades trazidas pelo Festival piauí de Jornalismo, os bolsistas destacaram a possibilidade de fazer contatos e ampliar horizontes na forma do fazer jornalístico. E experiências inspiradoras para a vida inteira.