Nos últimos vinte anos, 330 mil quilômetros quadrados foram queimados apenas em áreas de floresta no Brasil. Ao todo, a área florestal queimada é equivalente a duas vezes o território do Uruguai. Em mais da metade desse território o fogo aconteceu duas ou mais vezes. Pesquisadores associam as queimadas principalmente à atividade humana, já que esse fenômeno não é um natural em regiões de floresta tropical.
“A ação humana alimentada por um ambiente mais seco faz o fogo escapar de um pasto ou de uma área desmatada, por exemplo, e entrar na mata”, explica a diretora de Ciência do IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ane Alencar. “A frequência alta em algumas regiões reforça o papel do homem nesse processo de degradação.” Entender o regime do fogo no Brasil – os tipos de áreas afetadas, causas dos incêndios e sua frequência – é fundamental para conhecer o processo de degradação das vegetações nativas. Na verdade, a preocupação dos pesquisadores também está relacionada ao impacto das queimadas na saúde das pessoas, nas mudanças climáticas, na biodiversidade e na economia.
A Amazônia é o bioma que teve maior proporção de área florestal queimada – mais de 22% nos últimos vinte anos. O incêndio deste tipo de cobertura vegetal pode aumentar a concentração de carbono nestas regiões – primeiro pela combustão e, posteriormente, pela progressiva mortalidade de árvores. “Esse dado é fundamental porque nos permite entender o quanto nós perdemos de carbono, principalmente em áreas florestais”, explicou Luiz Aragão, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.