Sábado, em Macaé, a torcida do Fluminense pediu em coro a entrada do Deco. No mesmo jogo a dupla de zaga do Inter, formada por Índio e Juan, somava 72 anos de vida. Semana passada o Vasco reapresentou Juninho Pernambucano. No início do ano o Santos achou que tinha feito um grande negócio ao contratar Marcos Assunção, e o Fluminense idem, ao levar Felipe. Os dois mal entraram em campo. Quando o São Paulo repatriou Luís Fabiano, em 2011, conversei com um amigo são-paulino sobre minhas desconfianças: sempre que um clube europeu libera alguém com relativa facilidade, é bom abrir o olho. Pode ser até que, para os nossos padrões, Luís Fabiano tenha custado caro; para os europeus, 7 milhões de euros é o que eles pagam por zagueiro paraguaio. E esse valor ainda foi dividido em tantas prestações que aquilo mais parecia uma operação do velho BNH.
A preparação física e a medicina esportiva não param de evoluir, esticando a vida útil dos jogadores, mas daí a operar milagres vai uma distância considerável. É óbvio que Juninho Pernambucano continuará fazendo seus golzinhos de falta e Deco ainda vai enfiar um ou outro lançamento cheio de estilo. Só que a presença desses jogadores em campo obriga seus times a se armar em função deles e de sua compreensível impossibilidade para acompanhar a velocidade atual do jogo. Vale lembrar: os títulos verdadeiramente importantes que o Corinthians conquistou depois da “retomada” só aconteceram quando Ronaldo Fenômeno deixou de jogar.
Seedorf e Zé Roberto são exceções. Dois caras que sempre se cuidaram, e que atravessaram a carreira sem grandes problemas de contusão, eles podem forçar um pouquinho mais a barra. Se bem que, no caso do Seedorf, eu já o vi várias vezes dando um miguezinho ali na ponta-direita ou na ponta-esquerda. Mas o que a maioria deles revela é uma enorme dificuldade para compreender que a hora de parar já deu há algum tempo.
A insistência dos nossos grandes clubes em contratar gente em final de carreira se explica por dois motivos. Primeiro, a onda que a mídia faz e na qual os torcedores embarcam. Contratações desse tipo sempre geram manchetes de jornal. (Alguém se lembra de manchete de jornal falando da contratação do Paulinho pelo Corinthians, em 2010?) O segundo motivo é a grana. Esses jogadores têm o que antigamente chamávamos de passe livre, e os gastos com eles se limitam aos salários. O fato de Seedorf e Deco ganharem 600 ou 700 mil reais por mês é outra história, totalmente coerente com os absurdos conceitos de gestão dos nossos clubes, que costumam comer apresuntado e arrotar Pata Negra.
Mas nada depõe tanto contra o nosso campeonato – do qual sou fã, conforme consta do segundo post desse blog, publicado em 24 de maio – quanto o gol de Wálter, do Goiás, no jogo contra o Vitória, disputado no penúltimo domingo. Perto da forma física do lépido centroavante do time goiano, Joel Santana tem barriga negativa. Deem uma olhada nesse link e se animem. Eu mesmo já mandei lustrar minhas chuteiras e estou pensando em encarar uma peneira em breve.