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questões políticas

Com PSL em guerra, Bannon adia viagem ao Brasil

Disputa pela liderança do partido consumiu atenção de Eduardo Bolsonaro, principal anfitrião do estrategista americano

Thais Bilenky | 24 out 2019_13h46
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Oestrategista político americano Steve Bannon, ex-assessor do presidente Donald Trump, decidiu adiar sua viagem ao Brasil, que aconteceria daqui a uma semana, em comum acordo com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). As equipes avaliaram que a guerra interna no PSL consumiu a atenção do filho do presidente Jair Bolsonaro, que seria o principal anfitrião do americano em São Paulo e Brasília. Uma nova data ainda não foi marcada.​

Esta é a segunda vez que Bannon desmarca a viagem ao Brasil, país onde ampliou sua esfera de influência desde que Jair Bolsonaro ganhou visibilidade, primeiro como candidato e depois como presidente da República. A aproximação aconteceu por meio de seus filhos Flávio, hoje  senador, e Eduardo. Bannon também chegou a se programar para participar da CPAC, sigla em inglês para Conferência da Ação Política Conservadora, que ocorreu pela primeira vez no Brasil, há duas semanas. Eduardo foi lançado sucessor do pai no evento, marcado pela demonização da esquerda.

A viagem ao Brasil estava prevista para o período de 1º a 5 de novembro. Bannon começaria por São Paulo. Ele participaria de um debate com Eduardo e faria uma série de reuniões e entrevistas agendadas pelo deputado federal em um hotel na capital paulista. 

Nos últimos dois dias, em Brasília, o americano faria rodadas de conversas com congressistas e palestraria na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. O convite feito pelos senadores a pedido de Eduardo era para que ele discorresse sobre “ambientalismo e geopolítica, especialmente temas relacionados a mudanças climáticas, disputas comerciais globais e o jogo de poder internacional”.

A preparação da agenda, contudo, foi prejudicada pela guerra no PSL, que opôs a família Bolsonaro ao grupo do presidente da legenda, Luciano Bivar. Eduardo assumiu a liderança do partido na Câmara nesta semana, mas a disputa foi judicializada e não deve acabar tão cedo. Adversários como a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) e o senador Major Olimpio (PSL-SP) pretendem expulsar Eduardo. Sem votos garantidos no Senado para sua aprovação, o deputado anunciou que “desistiu” de assumir a embaixada do Brasil em Washington para cuidar da política partidária.

A equipe de Bannon, que viajaria acompanhado de assessores e familiares com quem trabalha, avaliou que não compensaria fazer a turnê num ambiente deflagrado – não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos. A ameaça de impeachment sobre Trump mobiliza aliados do presidente americano, que chamaram Bannon para participar da elaboração de estratégias para evitá-lo.

Bannon foi estrategista-chefe da Casa Branca nos primeiros meses do governo Trump – de janeiro a agosto de 2017 – depois de ter sido um dos principais dirigentes da campanha do republicano em 2016. Bannon era considerado um elo com grupos nacionalistas, de extrema direita e anti-imigração. Foi demitido pouco depois de Trump dizer que “havia culpa dos dois lados” em um protesto de supremacistas que terminou com a morte de uma manifestante contra o racismo em Charlottesville, na Virgínia.

Ele foi o formulador da retórica de campanha de Trump, que pregava protecionismo econômico, fechamento de fronteiras e combate à diversidade cultural. No meio ambiente, trabalhou para que o governo americano deixasse o Acordo de Paris, compromisso de mais de 130 países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global.

Com o prestígio abalado nos Estados Unidos, Bannon investiu em países como Itália, Hungria e Brasil. Designou Eduardo como líder, na América do Sul, de seu “O Movimento”, rede de políticos e partidos nacionalistas e populistas pelo mundo.

Em passagens por Washington, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, reuniu-se com Bannon diversas vezes fora da agenda. Uma das principais pautas em comum é a ofensiva contra a China, país cuja indústria de tecnologia é vista pelo grupo como ameaça à soberania de parceiros comerciais.

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