O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, causou alvoroço ao anunciar o fim da isenção para compras internacionais entre pessoas físicas no valor de até 50 dólares – muito comuns no comércio online de roupas e alimentos. O governo estimava arrecadar até 8 bilhões de reais com a mudança na tributação. Diante da má repercussão, acabou engavetando a ideia e promete apertar a fiscalização para evitar fraudes – que acontecem, por exemplo, quando produtos vendidos por empresas são remetidos como se o vendedor fosse uma pessoa física. Mesmo assim, o fim da isenção poderia afetar o preço de produtos comercializados por gigantes varejistas como a Shein, empresa chinesa que vem expandindo os negócios no Brasil: de 2021 para 2022, quadruplicou a receita com vendas no país. É um mercado em crescimento. O número de brasileiros que fazem compras online cresceu 24% desde 2019. O país movimenta uma fortuna em compras desse tipo: foram 263 bilhões de reais no ano passado, o equivalente ao PIB do Uruguai. Nesta semana, o =igualdades mostra o crescimento do e-commerce no Brasil.
A pandemia mudou os hábitos de consumo do brasileiro, que passou a comprar mais pela internet. Em 2020, os Correios receberam 51 milhões de remessas internacionais, uma média de 140 mil por dia. De acordo com a Receita Federal, a remessa postal é utilizada principalmente para importações feitas por pessoas físicas feitas no e-commerce — modelo de distribuição adotado pela Shein. Em 2022, o volume de pacotes vindos do exterior triplicou: foram 176 milhões, uma média de 483 mil entregues por dia.
De acordo com o ministro Fernando Haddad, a equipe econômica do governo tinha expectativas de arrecadar até R$ 8 bilhões com a mudança da tributação nas transações de até US$ 50 entre pessoas físicas. Esse valor equivale a cinco vezes o que a Receita Federal arrecadou com as remessas internacionais em 2022 (R$ 1,5 bilhão).
Em 2022, o número de pessoas que compram online no Brasil cresceu 24%. Consequentemente, cresceu também o valor total gasto com esse tipo de comércio: foram R$ 262,7 bilhões em compras pela internet em 2022, um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior. O crescimento das vendas foi puxado pelos pedidos de alimentos e bebidas. Esse valor total se equipara ao PIB do Uruguai, que em 2021 ficou em R$ 299 bilhões.
As vendas da Shein no Brasil vêm crescendo. Em 2022, estima-se que a varejista chinesa tenha atingido R$ 8 bilhões em vendas no país – um aumento de 300% em relação ao ano anterior, quando faturou R$ 2 bilhões. Em 2021, a empresa teve uma receita de US$ 16 bilhões em vendas no mundo todo, superando a Amazon como o aplicativo de e-commerce mais popular para iPhone e Android.
O percentual de usuários brasileiros que compram em sites internacionais aumentou gradualmente nos últimos anos. Em 2022, 72% dos consumidores fizeram compras em sites de e-commerce internacionais. Em 2021, haviam sido 68%; em 2019, só 58%.
Entre as principais categorias de venda do e-commerce, os produtos de telefonia têm o maior valor médio de compra. Um brasileiro gastou, em média, R$ 1,9 mil a cada compra desse tipo em 2022. Os produtos de informática têm o segundo maior valor médio: R$ 1,2 mil. Já roupas e acessórios têm um valor médio por compra de R$ 192.
O valor médio gasto com compras de eletrodomésticos no e-commerce foi de R$ 950 – a metade da média registrada com produtos de telefonia.