Dados oficiais do IPTU em São Paulo, maior cidade brasileira, permitem medir a desigualdade em reais e metros quadrados. Apenas 1% dos proprietários da capital paulista possui, em valores imobiliários, o mesmo que 56% dos donos de imóveis de menor valor. Um imóvel na rua mais cara da cidade vale o mesmo que 961 casas na rua mais barata. A desigualdade também se reflete no cotidiano das escolas: nos dez colégios privados com propriedades mais caras, a área construída é maior que a de um terço da rede municipal inteira. As informações da prefeitura foram destrinchadas pela equipe do Pindograma, site de jornalismo de dados. Veja os detalhes no =igualdades desta semana:
O valor de todos os imóveis de São Paulo, somados, é de 1,6 trilhão de reais. Já em Nova York, é o dobro – aproximadamente 3,1 trilhões de reais, ajustando a conversão do dólar para o poder de compra.
A desigualdade, marca brasileira, é explícita entre os proprietários de imóveis da maior cidade do país. Apenas 1% dos donos de imóveis (18.919 pessoas) acumula, em valores imobiliários, o mesmo que 56% (1.063.261) dos proprietários de imóveis mais baratos.
As propriedades do governo federal, do governo do estado e da prefeitura somam, incluindo múltiplos andares, 12.469.580 m² – 2,3% do total da área construída da capital paulista. Isso equivale a 110 estádios do Morumbi. Além dos imóveis da administração direta, também foram somadas as áreas da USP, do metrô, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) e dos Correios.
A Rua Gália, no bairro do Morumbi, é a que tem o maior valor médio de imóvel – 17,5 milhões de reais. No total, a rua concentra dezessete imóveis, e o mais caro vale 105 milhões de reais. Com isso, o valor médio de uma casa na Rua Gália equivale a 961 imóveis na rua mais barata, a Rua Argote, na Cidade Tiradentes. No total, são 34 casas nessa rua, e o valor médio de cada uma é de 18.240 reais
A desigualdade também está presente nos colégios da capital paulista: nas dez escolas privadas com propriedades mais caras, a área construída é maior que a de um terço da rede municipal inteira.
As igrejas evangélicas apresentaram um crescimento considerável nos últimos anos. Na capital paulista, elas têm quase três vezes mais área construída (1.464.632 m²) que as católicas (549.408 m²).
A área construída de bancos privados em São Paulo soma 12.202.685 m² – 2,2% do total da capital. As propriedades do Itaú, Bradesco, Santander, BTG e Safra equivalem a onze Parques Ibirapuera.
*Nota metodológica: O valor dos imóveis é estimado considerando a área do terreno, a área construída e o valor do m² de referência da prefeitura para cada bairro; a conversão de dólar para real foi realizada com o dólar PPP (calculado pela OCDE), que ajusta o valor para o poder de compra; a quarta comparação leva em conta logradouros com cinco ou mais residências.
Fontes: Dados do IPTU da cidade de São Paulo, compilados pelo Pindograma; Departamento de Finanças de Nova York