Em 2014, Marco Polo Del Nero, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), criou, com os seus dois filhos, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. A piauí revelou o caso com base em documentos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. A offshore foi registrada em nome dos filhos do cartola e encerrada no ano seguinte, depois que o escritório que administrava a empresa (especializado em offshores) se recusou a continuar prestando os serviços. Desde então, o ex-presidente da CBF se tornou um dos alvos do FBI no caso Fifagate, que investigou escândalos de corrupção no futebol.
Não se sabe o que foi feito do dinheiro da offshore quando ele saiu das Ilhas Virgens Britânicas. Os 10 milhões de dólares que os Del Nero mantiveram no paraíso fiscal valem, na cotação atual, o prêmio dado ao campeão da Copa do Brasil pela vitória na final do campeonato: 56 milhões de reais. A Copa do Brasil é, atualmente, a competição mais rentável do país.
Neste mês, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) abriu a caixa de Pandora das offshores. Milhares de documentos analisados por seiscentos jornalistas de todo o mundo revelaram quem são os donos desses empreendimentos em paraísos fiscais. A piauí fez parte da investigação e mostrou que o ministro da Economia Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também mantinham offshores nas Ilhas Virgens. Na lista revelada pelo ICIJ também figuram reis, políticos internacionais, celebridades e conhecidos mafiosos.