As faculdades brasileiras formam muitos pedagogos, bacharéis em direito e administradores – que, somados, respondem por um quarto de todos os diplomas expedidos a cada ano. Outras profissões, enquanto isso, são menos prestigiadas. Entre 2010 e 2019, o Brasil formou 103 astrônomos; os Estados Unidos, a título de comparação, formaram 820 apenas no primeiro ano de pandemia. Para cada curso de biologia no Brasil, há seis de administração. Para cada professor de física, são formados doze professores de educação física. A evasão nos cursos de física está entre as maiores de todas: só um a cada quatro estudantes obtém o diploma. Em decorrência disso, é comum que nas escolas de ensino básico faltem professores para lecionar determinadas disciplinas. Em 2020, um terço das turmas de ensino médio tiveram aulas de química com professores sem formação adequada – isto é, que não tinham bacharelado ou formação pedagógica na área. O =igualdades desta semana pinta um retrato do ensino superior no Brasil.
O curso de pedagogia é o que mais forma profissionais no Brasil. Em 2019, ano do último Censo da Educação Superior, 1,2 milhão de pessoas se formaram em cursos de graduação no país. Desse montante, 124,4 mil eram de formandos de pedagogia. Em segundo lugar, aparece o curso de direito, que formou 121,2 mil bacharéis naquele ano.
Apesar de quase homônimas, as áreas de física e educação física têm grande diferença no conteúdo estudado e no número de profissionais formados. Para cada pessoa que se forma em física no Brasil, doze se formam como professores de educação física.
O baixo índice de professores de física formados no Brasil se explica, em parte, pela alta taxa de abandono do curso. De cada quatro alunos que se matriculam em física, apenas um sai com diploma na mão. Ou seja, 75% das pessoas que começam o curso não terminam. É a maior taxa de evasão dentre os cursos que formam professores da educação básica. Do outro lado da balança, aquele em que há menor índice de abandono é o de geografia, com 53% de taxa de evasão.
A baixa formação de profissionais da área de exatas impacta o ensino básico no Brasil. Sem professores formados em disciplinas como física e química, é comum que escolas recorram a professores de matemática para ensinar essas disciplinas. Em 2020, um terço das turmas do ensino médio tiveram aulas de química com professores não especializados.
O curso de matemática não está a salvo dos altos índices de evasão que atingem a área de exatas. Cerca de 65% dos ingressantes desistem do curso antes da formatura. Em 2019, por exemplo, apenas 365 brasileiros se formaram no curso, o equivalente a um décimo do número de formados em teologia.
Administração é a graduação mais comum nas instituições de ensino superior no Brasil. Mais de 1,6 mil instituições oferecem o curso. Biologia, por outro lado, não é tão popular assim. Apenas 243 instituições no Brasil formam biólogos.
Donos da agência espacial mais famosa do mundo – a Nasa –, os Estados Unidos investem muito dinheiro em tecnologia e formação de cientistas. Em 2020, as faculdades americanas formaram 820 astrônomos. No Brasil, o cenário é outro. Num período de dez anos, entre 2010 e 2019, apenas 103 brasileiros se formaram em Astronomia.
Fontes: Censo da Educação Superior 2019; IBGE; Anuário Brasileiro da Educação Básica 2021; American Institute of Physics.