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Em 2020, polícia do Rio de Janeiro matou, em média, 3 pessoas por dia; em São Paulo, foram 2 por dia

Hellen Guimarães e Renata Buono | 12 fev 2021_09h00
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Em 2020, a polícia do Rio matou 34% a mais que a de São Paulo. De janeiro a dezembro, foram 1.239 mortos por policiais fluminenses, uma média de 3 por dia, e 814 mortos por policiais paulistas, uma média de 2 por dia. Os agentes do estado do Rio levaram metade do tempo para vitimar o mesmo número de pessoas que os de São Paulo. O Rio teve seu início de ano de maior letalidade policial desde 2003, quando esses dados começaram a ser computados: foram 744 vítimas de janeiro a maio. A esta altura, os policiais de São Paulo tinham matado 455 pessoas. Os paulistas só atingiram em novembro o mesmo patamar de mortes por policiais a que o Rio chegou em apenas cinco meses. Também em novembro, o número de mortos por policiais no Rio foi o dobro que o de São Paulo: foram 80 em solo fluminense ante 42 no território paulista.

Os dados não discriminam quem é bandido e quem é inocente. Nem deveriam. Especialistas em segurança pública entendem que uma polícia de alta letalidade cria um ambiente muito propício aos excessos das forças de segurança, que atingem principalmente a população mais pobre nas favelas, e expõe os próprios policiais a um risco maior. Além disso, a mentalidade não resolve o problema, já que é impossível eliminar criminosos à bala e as complexas dinâmicas do crime organizado exigem políticas de segurança pública mais completas para combatê-lo.

“A política de tiro na cabecinha não respeita os direitos civis, a proteção que os cidadãos têm contra os excessos e a violência de estado. Isso atinge também outros direitos e garantias fundamentais, como a de um julgamento justo. A polícia não é, e não deveria ser, um órgão julgador. Ela não julga quem deve ou não ser punido, nem deve ser executora de pena de morte, que não existe no Brasil. Não bastasse isso, uma análise assentada em dados comprova que a letalidade policial não controla a criminalidade”, explicou Daniel Hirata, professor da UFF e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).

Fontes: Instituto de Segurança Pública (ISP) e Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP)

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