No final do século XIX, um aristocrata francês menor teve uma ideia maior. O barão Pierre de Coubertin pensou recriar os Jogos Olímpicos, tais como praticados na Grécia Antiga. Em poucos anos convenceu um grupo de pessoas influentes a concretizar o que no início parecia um projeto utópico.
Criou-se então o Comitê Olímpico Internacional (COI) e os primeiros jogos ocorreram em 1896 – em Atenas, naturalmente. O enorme sucesso garantiu a realização de novas competições em 1900 e 1904; à sombra das grandes exposições mundiais, porém, tiveram menor repercussão. Em 1906, comemorando os dez anos da primeira Olimpíada moderna, o evento consolidou-se em definitivo.
Essa carta, tendo por cabeçalho os jogos de 1924 – último ano do aristocrata à frente da organização, depois de quase trinta anos –, realizados em Paris, é particularmente significativa, pois que redigida num momento em que o sucesso do evento na capital francesa lhe causava justificado orgulho.
É impressionante constatar o trabalho a que se dá o chefe do COI para atender a uma família de marqueses a quem quer agradar. Endereçando-se à marquesa, o barão lhe garante convites para todos os jogos e apresentações, chegando a se preocupar com os assentos destinados à sua sogra!
Seria impensável hoje que ao presidente do COI coubessem tais detalhes, mesmo em relação a chefes de Estado ou grandes personalidades. Em quase cem anos, a dimensão dos jogos foi tão ampliada que são necessárias equipes de dezenas de milhares de pessoas para desempenhar todos os papéis. Foi-se o tempo em que algumas centenas bastavam e o presidente podia escrever de próprio punho amáveis cartas para exigentes marquesas.