Em 2020, o Rio registrou o menor número de mortes violentas para o mês de dezembro desde o início da série histórica, em 2003. Entretanto, 21% dessas mortes foram cometidas por policiais. Das 368 mortes violentas em dezembro, 79 ocorreram pelo gatilho da polícia. Especialistas em segurança pública entendem que uma polícia de alta letalidade cria um ambiente muito propício aos excessos das forças de segurança, que atingem principalmente a população mais pobre nas favelas, e expõe os próprios policiais a um risco maior.
“A política de tiro na cabecinha não respeita os direitos civis, a proteção que os cidadãos têm contra os excessos e a violência de estado. Isso atinge também outros direitos e garantias fundamentais, como a de um julgamento justo. A polícia não é, e não deveria ser, um órgão julgador. Ela não julga quem deve ou não ser punido, nem deve ser executora de pena de morte, que não existe no Brasil. Não bastasse isso, uma análise assentada em dados comprova que a letalidade policial não controla a criminalidade”, explicou Daniel Hirata, professor da UFF e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).
Fonte: Instituto de Segurança Pública (ISP)