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    ILUSTRAÇÃO: PAULA CARDOSO

anais das redes

Exclusão de perfil irregular no WhatsApp não bloqueia rede de desinformação

Mesmo que aplicativo suspenda contas com acesso indevido a bases de usuários, grupos continuam ativos

Marcella Ramos | 20 out 2018_01h58
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O WhatsApp enviou notificação extrajudicial nesta sexta-feira a quatro agências que fazem o serviço de “disparo em massa” de mensagens, e bloqueou contas ligadas a elas. O objetivo é coibir a propagação de desinformação e o compartilhamento de conteúdo com números retirados de bases de dados comercializadas e não de uma agenda de contatos pessoal, o que fere as regras do aplicativo. Mas, como a empresa explicou à piauí, a suspensão desses perfis não tem efeito sob os grupos criados por eles. Os círculos que foram feitos ou ampliados irregularmente por perfis relacionados a essas agências continuarão funcionando sem interferência, o que reduz o impacto dos bloqueios contra a rede de disseminação indevida de conteúdo.

Na tarde desta sexta-feira, o senador eleito pelo PSL, Flávio Bolsonaro, postou no Twitter que havia sido suspenso do WhatsApp. “Banido do nada”, escreveu, “com milhares de grupos”. Em resposta ao tuíte do filho mais velho de Jair Bolsonaro, o WhatsApp explicou que ele foi suspenso – na verdade, entre 11 e 14 de outubro – por suspeita de divulgar spam, quando uma mesma mensagem é enviada repetidas vezes num curto espaço de tempo. Durante a suspensão, seguindo a mesma lógica dos perfis das agências de divulgação de mensagens em massa, os grupos dos quais Flavio participava, ou que tenha criado para reunir apoiadores, não sofreram impacto. É um exemplo do efeito reduzido desse tipo de bloqueio. A rede social também baniu, ainda no primeiro turno, a conta Dilmazap, da campanha de Dilma Rousseff para o Senado, também por suspeita de spam.

Flávio Bolsonaro, depois de entrar em contato com a empresa, recuperou seu antigo perfil no WhatsApp ainda no dia 14, mas só divulgou o bloqueio nesta sexta-feira, 19. Isso, um dia depois de a Folha de S.Paulo publicar reportagem sobre empresários que bancariam campanha de Jair Bolsonaro pelo WhatsApp contra o PT, sem ter declarado a contratação de um serviço como esse à Justiça Eleitoral. O presidenciável negou o conteúdo da reportagem na noite de quinta-feira, em uma transmissão pelo Facebook. “Eles publicaram matéria dizendo que empresários bancam campanha contra o PT, me acusam de estar fomentando isso junto ao empresariado, mas não temos necessidade disso”, declarou o candidato, e fez acusações contra o rival, Fernando Haddad.

Um dia antes da publicação da reportagem, o vice-presidente do WhatsApp, Chris Daniels, publicou um artigo na Folha de S.Paulo no qual abordou as medidas que a empresa toma para tornar o ambiente mais seguro. O primeiro ponto levantado por Daniels é o fato de estarem removendo “centenas de milhares de contas por spam”. Ele diz que “com avanços em tecnologia, nós agora podemos encontrar mais facilmente pessoas mal-intencionadas antes que elas compartilhem spam e notícias falsas”. Como as mensagens são criptografadas, a empresa não tem acesso ao conteúdo que está sendo veiculado, mas tem ferramentas para identificar atividades suspeitas.

Desde 2016, grupos de WhatsApp podem ter até 256 participantes. Antes, eram 100 pessoas por conversa. Em agosto deste ano, o aplicativo passou a limitar para 20 o números de vezes que uma pessoa pode encaminhar um conteúdo simultaneamente. Anteriormente o limite era de 256 encaminhamentos. Na semana passada, em 12 de outubro, Bolsonaro disse que pretende tomar medidas para que volte a ser permitido enviar textos, fotos e vídeos para mais de 200 conversas de uma vez só. “Quem não ficou chateado quando o WhatsApp aqui, dizendo que era para combater crime de ódio, em vez de você passar 200 mensagens passou para 20? Vamos lutar para que volte ao que era antes”, disse.

Depois da reportagem da Folha, eleitores de Bolsonaro passaram a afirmar que os compartilhamentos de conteúdo sobre a campanha do candidato do PSL são espontâneos. Em grupos de WhatsApp de apoiadores, circula uma corrente que convida os usuários a cancelarem suas assinaturas de jornais, acompanhada da hashtag #MarqueteirosdoJair.

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