Só mesmo no Brasil! Em dois anos, são feitas duas mostras de Harun Farocki, uma em São Paulo, a outra no Rio.
A primeira, em 2010, incluiu um belo catálogo, e foi realizada pela Cinemateca Brasileira, o Goethe Institut São Paulo e o Cinusp “Paulo Emílio”.
Só mesmo no Brasil! O Segundo Caderno do Globo ignora a presença na Cidade de um artista da importância de Harun Farocki.
Só mesmo no Brasil! O auditório da Cinemateca do Museu de Arte Moderna, no Rio, quase lota num sábado à tarde, com cerca de 100 pessoas, para ouvir o “mais famoso cineasta desconhecido da Alemanha”, nas palavras do próprio Farocki, ditas depois de uma projeção de Mundo e a inscrição da guerra, no National Film Theatre – Momi, em Londres, em 6 de fevereiro de 1993. Foi Farocki também quem contou, há alguns anos, que quando Videogramas de uma revolução (1992) estreou em dois cinemas, em Berlim, havia um espectador em cada sala na primeira noite.
Só mesmo no Brasil! A maioria da atenta plateia, disposta a ouvir Farocki, provavelmente nunca viu sequer um dos mais de 100 filmes dele. Nem mesmo os dois exibidos duas horas antes da “conferência” para apenas cerca de 15 pessoas.
Só mesmo no Brasil! O que é anunciado como uma “conferência” vira uma entrevista com perguntas muito bem elaboradas pelo grupo de professores e alunos que organizaram a mostra, e feitas pelos mediadores Fernanda Bruno e Cezar Migliorin.
Só mesmo no Brasil! Farocki responde sussurrando e de maneira sucinta, burocrática, repetitiva, incompreensível pela maneira hesitante de se expressar.
Só mesmo no Brasil! Um suposto conferencista, como Farocki, se permite desrespeitar a plateia com ironias, deixando de responder a elaborada e interessante pergunta feita da plateia por Andréa França.
Fiquemos com os instigantes filmes e esqueçamos de Harun Farocki que nos fez desperdiçar nosso tempo sábado à tarde.