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    Flora Purim, no Retiro dos Artistas: a atriz Jane Fonda a demoveu de fazer uma apresentação da qual ela diz que hoje se arrependeria. Era um show para os soldados americanos no Vietnã CRÉDITO: LEO AVERSA_2025

vultos da música

Flora Purim continua sua missão

Cantora, que hoje vive no Retiro dos Artistas com Airto Moreira, prepara novo disco

Ana Clara Costa | 05 maio 2025_09h08
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Depois de sessenta anos de carreira, a cantora carioca Flora Purim ainda só pensa em música. Ela foi indicada três vezes ao Grammy e participou de dois discos vencedores do prêmio, um do baterista Mickey Hart e outro do trompetista Dizzy Gillespie.

Seu marido, Air­to Moreira, até hoje não foi superado como o melhor percussionis­ta do mundo, com uma batida reveren­ciada por cânones do jazz, como Miles Davis, cuja banda ele integrou.

Em 1976, numa prova da seminal importân­cia do casal, Purim e Moreira fecharam com a Warner o maior contra­to já firmado por um músico de jazz na história até então. Eles torraram quase todo o dinheiro na produção de dois discos, um deles de Hermeto Pascoal.

“Penso que minha vida foi muito incrível. Eu tive aventuras incomparáveis, que pou­cas pessoas tiveram. Conheci gente lin­da, maravilhosa, não posso me queixar”, ela conta a Ana Clara Costa, na edição deste mês da piauí.

De fato. Com Janis Joplin, ela mergulhou numa aventura inesquecível de uma semana. De Jane Fonda, ouviu um conselho determinante. Em 1971, foi presa nos Estados Unidos, junto com um grupo de amigos, acusados de portar cocaína. Enquanto estava na cadeia, durante dezoito meses, foi eleita duas vezes a melhor cantora de jazz do mundo pelos leitores da revista DownBeat, considerada a bíblia desse gênero musical.

Purim deixou o Brasil no fim dos anos 1960. Em 2013, decidiu que estava na hora de voltar. Com os recursos financeiros exauridos, ela e Moreira viviam com a ajuda de familiares. O casal cogitou uma residên­cia para idosos perto de Curitiba, mas os custos eram elevados. Até que foram alertados sobre o Re­tiro dos Artistas, no Rio de Janeiro. Além do custo menor, o clima é animado. “Aqui alguns dos velhinhos saem sambando, vem escola de samba toda hora”, diz Purim, que hoje tem 83 anos, como Airto Moreira. “Eu vou morrer aqui no Brasil e aqui no Retiro. Estou adorando, ouço música dia e noite. Tem festas, fofocas.”

No ano passado, Purim gravou um novo álbum, que está agora em pós-produção. No ano que vem, será lançado um documentá­rio sobre sua vida e a de Moreira, com direção do cineasta Jom Tob Azulay, o mesmo que fez Os doces bárbaros e co­dirigiu Elis & Tom. Nos intervalos, ela ain­da recebe músicas e tem vontade de gravá-las. “Não consigo parar. Deve ser porque não cumpri minha missão ain­da. Deve ter alguma coisa que ainda não fiz e devo fazer. Podem ser muitas coisas… Muita gente vive 100 anos, né?”

Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.

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