A atribuição do Nobel de Literatura a Bob Dylan suscitou na imprensa do mundo todo a oportunidade de reavaliar sua obra. Ninguém duvidava da importância musical desse ermitão que só sai da toca para shows e cuja fama continua como há quase cinco décadas. E não se conhece outro artista tão consagrado que continue a fazer turnês sem alarde ou declarações a jornalistas. O prêmio serviu, porém, para nos lembrar mais uma vez que, aos 75 anos, Dylan é um dos maiores gênios em atividade em qualquer arte.
Devido à celebridade planetária do compositor, seus manuscritos e assinaturas têm sido muito procurados. Suas cartas são raras no mercado (em geral amigos e familiares vendem esses documentos apenas quando o remetente morre), mas soube-se de uma, escrita no momento de sua conversão ao catolicismo, que foi vendida por quase 30 mil dólares há não muito tempo.
Ocasionalmente, manuscritos com as letras de suas canções surgem nas grandes casas leiloeiras e podem atingir centenas de milhares de dólares. Diante de cifras assim altas, a maior parte dos colecionadores precisa se contentar com simples assinaturas apressadas em pedaços de papel ou, quando muito, fotografias assinadas, peças mais satisfatórias e já hoje bastante valorizadas. Dylan vez por outra se presta a autografar fotos, quando abordado por alguém que um conhecido lhe tenha apresentado. É o caso da imagem reproduzida nesta página, que já trazia uma assinatura impressa do compositor, sobre a qual ele adicionou uma outra em pilot preta.
O prêmio Nobel inseriu definitivamente Bob Dylan no cânone literário. Agora, seus escritos originais deixarão de ser disputados apenas por colecionadores de documentos musicais, mas também por aqueles, ainda mais numerosos, que procuram manuscritos literários.