Toda pesquisa científica que se preze deve apresentar uma descrição detalhada do método usado para a obtenção dos resultados apresentados, de forma que outros cientistas possam tentar replicar o estudo. No entanto, a forma asséptica com que o protocolo experimental costuma ser descrito nos artigos científicos nem sempre reflete as condições bem mais caóticas – e humanas – dos procedimentos realizados no laboratório.
A discrepância se tornou objeto de uma manifestação bem humorada no Twitter nesta semana. Usando a hashtag #overlyhonestmethods – métodos honestos demais –, cientistas e tuiteiros em geral vêm postando mensagens que ironizam a descrição impessoal dos métodos de pesquisa. Desde o início da semana, centenas de tuítes foram e continuam sendo publicados com essa temática.
Confira abaixo uma seleção de mensagens livremente traduzidas, pinçadas das compilações feitas pela , pelo site The Node e pela doutoranda Beckie Port. Confira a busca pela hashtag #overlyhonestmethods para acompanhar os tuítes em tempo real.
As amostras foram incubadas por exatas duas horas, a menos que fosse sexta-feira à tarde (@lukewgarratt).
As plantas foram cultivadas nas condições de luz e temperaturas definidas da última vez pela única pessoa que sabe regular a incubadora. (@AnneOsterrieder)
Você pode baixar nosso código a partir da URL fornecida. Mas boa sorte ao baixar o único pós-doc capaz de rodá-lo (@ianholmes)
Para confirmar os resultados, decidimos repetir os experimentos no laboratório de nosso colaborador. No Havaí. (@paulcoxon)
O experimento foi repetido até que tivéssemos 3 resultados similares estatisticamente significativos e pudéssemos descartar os pontos fora da curva (@angerstusson)
Não demos referência para essa informação porque vem de um artigo de um dos nossos arquirrivais (@AkshatRathi)
O reagente errado foi usado nos experimentos 1 e 2 porque meu orientador tem sotaque australiano e me confundi (@SciTriGrrl)
Usamos jargão em vez de inglês claro para provar que uma década de graduação e pós nos tornou inteligentes (@eperlste)
Os dados são velhos porque tive um bebê entre a primeira versão do artigo e a revisão (@researchremix)
Os dados foram plotados usando o Excel, porque a pós-doc que tinha o Origin instalado no laptop estava de férias (@paulcoxon)
(foto: Felipe Fonseca – CC 3.0 BY-SA)