Em 2021, o governo federal usou 23,6 bilhões de reais do Orçamento para pagar pensões de parentes de militares. O valor destinado às pensões foi 66 vezes o investido no combate ao desmatamento, 360 milhões. As consequências da falta de investimento vieram: o desmatamento na Amazônia em 2021 foi o pior em 10 anos, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Mais de 10 mil km de mata nativa foram destruídos no ano passado.
O setor militar, em geral, recebeu uma fatia generosa do Orçamento. A compra de caças para a Força Aérea Brasileira, por exemplo, custou 1,4 bilhão de reais – onze vezes o valor usado para proteger terras e direitos indígenas. A compra faz parte do pacote de programas da Defesa Nacional, que ocupa o segundo lugar no ranking dos investimentos mais caros do Orçamento – 7 bilhões, ao todo.
Os gastos feitos com o Orçamento da União em 2021 deixam claras as prioridades do governo. O principal destino das emendas parlamentares, por exemplo, foi a compra de máquinas de construção produzidas por uma empresa de Minas Gerais. Para isso, o governo desembolsou 382 milhões de reais – oito vezes o dinheiro usado em apoio à educação infantil. O pacote de investimentos relacionados às mudanças climáticas – que inclui estudos e projetos para a redução das emissões de carbono – ficou na última posição do ranking de investimentos do governo.