O Brasil ultrapassou na semana passada a marca de 90 mil mortes por Covid-19 em pouco mais de cinco meses de epidemia. Nesse ritmo, logo chegará a 100 mil mortos – um desastre sem precedentes no país. Uma única rua no Rio de Janeiro tem mais mortos que Pequim, capital da China, com mais de 21 milhões de habitantes. Um único hospital acumula o dobro do número de mortos de toda a Coreia do Sul. Nos estados, a mortandade tem proporções continentais. Só Pernambuco tem uma quantidade de mortos equivalente à soma de todos os países da América Central. No Rio de Janeiro, as mortes correspondem às de todo o continente africano. A epidemia está longe do fim – e nada indica que o ritmo de mortes está desacelerando. Nesta semana, o =igualdades compara a hecatombe brasileira com o resto do mundo.
Na Avenida Atlântica, cartão-postal de Copacabana, pelo menos 10 pessoas morreram por Covid-19 até dia 30 de julho, segundo os dados georreferenciados da Prefeitura. Isso é equivalente a todas as mortes pela doença em Pequim, capital da China, que tem mais de 21 milhões de habitantes.
Segundo levantamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena, 279 indígenas que vivem em territórios homologados morreram de Covid-19 até dia 30 de julho. Esse número é equivalente a todos os mortos pela doença na região da Sicília, na Itália, que registrou 283 mortes até então.
Até dia 22 de julho, o Centro da cidade de São Paulo somava 561 moradores mortos por Covid-19, entre casos confirmados e suspeitos. Esse número equivale ao total de mortos do Novo México, quinto maior estado dos EUA, que tinha 588 mortes pela doença até a mesma data.
Só no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, Zona Norte do Rio de Janeiro, 775 pessoas morreram por Covid-19 até o dia 28 de julho, segundo dados da Prefeitura do Rio, disponibilizados no Tabnet. O número leva em conta mortes confirmadas e suspeitas e é maior que o dobro de mortos contabilizados em toda a Coreia do Sul – 300, até então.
Na cidade de São Paulo, a Prefeitura confirmou 9.710 mortes por Covid-19 até dia 29 de julho. Esse número supera o total de mortes pela doença de toda a Alemanha – 9.128 até a mesma data.
O estado do Rio de Janeiro confirmou 13.348 mortes por Covid-19 até o dia 30 de julho. Esse número ultrapassa as mortes de todo o continente africano – 12.838 até a mesma data.
O Brasil contabilizou 91.263 mortes por Covid-19 até o dia 30 de julho, segundo dados do Ministério da Saúde. Isso corresponde ao total de mortes em toda a Ásia,** que até a mesma data somava 94.230 óbitos – sem considerar a Rússia, que se estende por dois continentes. A Ásia é o maior continente do planeta em relação à população e concentra aproximadamente 56% dos habitantes de todo o planeta. Ou seja, a quantidade de mortes por Covid-19 no Brasil é equivalente à dos países que representam metade da população mundial.
Fontes: Covid por CEP; Chinese Center for Disease Control and Prevention; Secretaria Especial de Saúde Indígena; Ministério da Saúde da Itália; Prefeitura de São Paulo; The Covid Tracking Project; Tabnet – Prefeitura do Rio de Janeiro (dados coletados dia 28 de julho); Organização Mundial da Saúde; Governo do estado de Pernambuco; Ministério da Saúde; European Centre for Disease Prevention and Control.
Notas metodológicas:
*Para a América Central foram considerados os seguintes países: Belize; Guatemala; El Salvador; Honduras; Nicarágua; Costa Rica; Panamá; Cuba; Jamaica; Haiti; República Dominicana; Antígua e Barbuda; Bahamas; Barbados; Granada; Dominica; Santa Lúcia; São Cristóvão e Névis; São Vicente e Granadinas; Trindade e Tobago – de acordo com a divisão do The World Factbook, da Agência Central de Inteligência dos EUA.
**Para a Ásia foram considerados os seguintes países: Afeganistão; Bahrein; Bangladesh; Butão; Brunei; Camboja; China; Taiwan; Índia; Indonésia; Irã; Iraque; Israel; Japão; Jordânia; Cazaquistão; Coreia do Sul; Kuwait; Quirguistão; Laos; Líbano; Malásia; Maldivas; Mongólia; Birmânia; Nepal; Omã; Paquistão; Filipinas; Catar; Arábia Saudita; Singapura; Sri Lanka; Síria; Tajiquistão; Tailândia; Timor Leste; Turquia; Emirados Árabes Unidos; Uzbequistão; Vietnã; Iêmen – segundo o boletim do European Centre for Disease Prevention and Control.