No último domingo (23), o presidente Jair Bolsonaro sancionou o novo Orçamento da União para o ano de 2022, com cortes em áreas de educação, pesquisa, saúde e sustentabilidade – mas sem veto ao Fundo Eleitoral de 4,9 bilhões. Essa não é a primeira vez que o governo distribui dinheiro público de forma desigual. Os investimentos feitos com o Orçamento em 2021 já deixaram claras as prioridades do governo. No ano passado, a União destinou 16,7 bilhões de reais do Orçamento de 2021 às emendas de relator, instrumento pouco transparente de repasse de verbas a parlamentares. O valor supera o que foi pago na compra de vacinas contra a Covid-19 da farmacêutica Pfizer – 12,2 bilhões de reais.
A Pfizer foi a empresa que mais recebeu recursos da União no último ano, durante a maior campanha de imunização da história do país. Até dezembro de 2021, o Brasil aplicou 153 milhões de doses de vacina da Pfizer – quase metade do total de doses. Ainda assim, o investimento não conseguiu superar o montante gasto pelo governo com o “Orçamento secreto”.
As emendas de relator são encaminhadas pelo relator da Lei Orçamentária Anual (no caso de 2021, o senador Marcio Bittar, do MDB) e precisam ser priorizadas pelo Executivo, sem indicar o nome do parlamentar que fez o repasse. Por isso, as emendas de relator ficaram conhecidas como “Orçamento secreto” e foram utilizadas para agradar às bases políticas aliadas.