04maio2010 | 18h28 | Odaragate

Normalidade começa a voltar ao Segundo Caderno

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RIO DE JANEIRO – Analistas internacionais viram com bons olhos a volta de Caetano Veloso ao Segundo Caderno, poucos dias após a substituição de Artur Xexéo no comando do suplemento. “Foi uma reação bastante rápida”, disse Carl Bernstein, convidado especial do seminário Censura e Democracia, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa. “Confesso que vim para cá com um pesado sentimento de pessimismo, mas ao abrir o jornal no dia 2 de maio, e dar com Caetano Veloso de cuecas, voltei a sonhar”, disse o ex-jornalista do Washington Post, autor, junto com seu colega Bob Woodward, das reportagens que trouxeram à tona o escândalo de Watergate. Por determinação de Xexéo, o Segundo Caderno estava há 146 dias sem mencionar o cantor baiano. Recorde da imprensa nacional, a estiagem causou graves problemas psicológicos nos repórteres e privou leitores do diário carioca das opiniões de Caetano sobre temas tão variados quanto a nuvem vulcânica, o pênalti de Loco Abreu e a incorporação da Ocean Air pela Avianca. Bernstein julga o detalhe da cueca de suma importância. “Evidentemente, trata-se de um recado claro de que as coisas vão mudar”, disse, aliviado. “Eu mesmo, se estivesse no lugar do novo editor, agiria com mais cautela – uma mençãozinha a Caetano aqui, uma foto acolá na qual ele aparece atrás de alguém, quem sabe um backing vocal. Não gostaria de ser responsável por causar uma overdose de lindeza no leitor que há tanto tempo vem sendo submetido a um jejum tão cruel”, disse. Não obstante, Bernstein deixou claro que admira o desassombro da nova direção do jornal, que, à cautela, preferiu o tratamento de choque. “Se em apenas 3 dias depois da queda do regime despótico ele já aparece de cueca, tudo é possível. Quem sabe em breve não teremos Caetano dentro de um ofurô nos dizendo o que achar do novo CD da Maria Gadú?”