02set2011 | 14h22 | Brasil

Câmara absolve Susana Vieira

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BRASÍLIA – Em votação polêmica que se arrastou pela madrugada de ontem, a Câmara dos Deputados decidiu, por maioria apertada, que a atriz e cantora Susana Vieira não deveria ser submetida à lei da mordaça em função do seu CD Susana enCena.

Houve bate-boca e um deputado do Acre chegou a ameaçar um colega de Santa Catarina, que defendia, no plenário, a absolvição da atriz. “Se ela não for calada por causa da intervenção do nobre deputado”, gritou Juremar Dantanho (DEM-AC), de dedo espetado no ar, dirigindo-se a Valdebrando Novais (PT–SC), “farei uma PEC obrigando o estado de Santa Catarina a substituir a Hora do Brasil pela faixa ‘Na rua, na chuva, na fazenda’. Aí quero ver Vossa Exma. se reeleger!” Novais partiu para cima de Dantanho, e os dois só não chegaram às vias de fato porque o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), ameaçou colocar no sistema de som do plenário Susana Vieira interpretando o clássico "Começar de novo". Houve corre-corre na galeria e duas senhoras foram pisoteadas. Os deputados, em coro, imploraram para que os dois litigantes de aquietassem.

Um dos votos mais surpreendentes foi dado por Jaqueline Roriz (DEM-DF). Com veemência incomum, a deputada recém-absolvida pelos seus pares declarou que para tudo há limite, e que ressuscitar Belchior era brincar com a sorte. “A gente permite uma coisa dessas, e daqui a um ano poderemos ser surpreendidos com Roberto Justus cantando ‘Sou apenas um rapaz latino-americano’. Por muito menos rebaixaram a dívida norte-americana”, protestou a deputada, antes de votar pela censura.

Minutos depois de encerrada a sessão, na qual foram apontados 212 votos pela absolvição e 207 pela censura, o ouvidor da Câmara, deputado Miguel Correa (PT-MG), entrou correndo no plenário, tomou o microfone e surpreendeu a todos com a notícia de que Susana Vieira acabara de dizer que “pensa em enveredar pelo country”. Imediatamente, 129 deputados quiseram mudar o voto. Não encontraram, porém, respaldo no regimento. Sem hesitar, a base aliada, agindo em concerto, pediu ao STF que fechasse o Congresso e desse poderes ilimitados à presidenta Dilma para “silenciar essa moça”. A oposição concorreu.

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