21out2011 | 12h51 | Internacional

Rodrigo Pimentel aprova, com restrições, execução de Kadafi

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BOPE – O comentarista da Rede Globo, Rodrigo Pimentel, julgou que, diante das circunstâncias, teve méritos e deve ser considerada bem-sucedida a ação das forças revolucionárias líbias que, nesta quinta-feira, capturaram e executaram o ditador Muamar Kadafi.

Em comentário no programa Bom Dia Brasil, Pimentel explicou que execuções sumárias são procedimentos complexos, que requerem anos de treinamento em comunidades carentes, uma experiência que os grupos revolucionários líbios evidentemente não têm. “Infelizmente, a ditadura de Kadafi sufocou a capacidade do povo de se expressar livremente através de linchamentos e homicídios”, disse, afiançando que “daqui em diante, com a iminente eclosão da guerra civil entre as centenas de tribos do país que se odeiam, podemos esperar que a grande nação líbia aprimore as técnicas de assassinato sumário”. O comentarista não descarta a hipótese de que, em poucos anos, a Líbia se equipare ao Brasil no domínio das técnicas mais avançadas de justiçamentos e atos de violência arbitrária. “O início deles foi muito bom”, disse.

Pimentel classificou de ingênua a maneira como o governo de transição tentou convencer o mundo que Kadafi havia sido morto ao tentar fugir. “Executar o meliante e depois dizer que ele morreu ao tentar escapar é uma técnica mais do que consolidada, com ótimos serviços prestados às forças de repressão do mundo. Não há nada de errado em adotá-la, e nós mesmos, aqui no BOPE, encorajamos muito o seu uso. O problema é que, mais tarde, não se pode apresentar o presunto com dois tiros tão precisos no coco. Tem que espalhar um pouco os projéteis, de maneira a sugerir que o alvo estava em movimento e os tiros foram dados em contexto de correria e pressão”, explicou.

A apresentadora Renata Vasconcellos quis saber se as últimas imagens de Kadafi debatendo-se nas mãos de seus captores indicam um bom domínio dos métodos de contenção de suspeitos. “Renata, eu diria que foi um pouco confuso”, respondeu Pimentel. “Não é de bom alvitre esbofetear suspeitos ensanguentados, pelo menos não quando se está sendo filmado.”

Chico Pinheiro perguntou se não teria sido melhor dar um safanão no ditador enquanto ele estava dentro do cano. “Sem dúvida, Chico. Se é para bater, poucos lugares são mais indicados do que uma tubulação de esgoto.”

O cineasta José Padilha já preparada o documentário Tubulação 20/10, uma denúncia incisiva ao cerco que redundou na morte de Kadafi. “Nada disso teria acontecido se as favelas do Rio não estivessem na mão dos milicianos”, denunciou. Wagner Montes fará o papel dos doze filhos de Kadafi.

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