22nov2011 | 16h05 | Internacional

Invasão de documentaristas brasileiros leva crise à Holanda

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AMSTERDAM – Equipados com baixos orçamentos, verbas estatais, renúncia fiscal, críticas incompreensíveis (mas elogiosas), exibição obrigatória, dezenas de páginas do Segundo Caderno de O Globo e o apoio entusiasmado de familiares, 34.989 documentaristas brasileiros desembarcaram ontem na Holanda para uma boca-livre. "O número de cineastas brasileiros em Amsterdam já é maior do que o público acumulado de documentários no Brasil nos últimos cinco anos”, declarou Silvio Tendler. “Pretendo fazer um documentário sobre essa contradição”.

Inspirados em recentes movimentos na Praça Tahrir e no Zucotti Park, dois diretores cariocas decidiram ocupar o máximo de cinéfilas holandesas que conseguissem. "A tarefa é mais árdua do que encher três fileiras de um pocket show de Orlando Morais", reclamou um documentarista fumante e de maus bofes que não quis se identificar, apesar de usar bolsa e japona dos anos 50.

Diante da ameaça, absolutamente todas as onze cineclubistas dos Países Baixos recolheram-se a seus moinhos. “Não aguento ouvir mais depoimentos de Nelson Motta”, disse Peitra Rinjskeev. O governo impôs um toque de recolher para crianças, adolescentes e tulipas. Com a cidade deserta, o comércio local de tamancos apresentou queda de 545%. "Queremos esses brasileiros fora daqui. Vejam o que eles fizeram com Paulínia!", discursou Vicenta Bergkamp.