PASÁRGADA – Em seu acordo de delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de Assis declarou que o presidente interino Michel Temer negociou com ele o repasse de seis mesóclises para a obra literária do professor, filósofo e deputado Gabriel Chalita. “Michel Temer disse que via problemas na sintaxe de Chalita e perguntou se o depoente poderia ajudar; então o depoente disse que faria um repasse através de uma doação gramatical”, afirma o documento de sua delação.

Machado também acusou Temer de requerer 1,5 milhão de reais para que a obra de Chalita, composta por mais de 70 títulos, fosse traduzida para o latim. “Dessa maneira, ficou comprovada uma ação orquestrada entre o poeta Michel Temer, o profícuo escritor Gabriel Chalita e o romancista José Sarney com o intuito de colocar o PMDB na presidência da Academia Brasileira de Letras”, denunciou o Poirot da Federal. O agente destacou ainda que todos os livros de Chalita citam Aécio Neves.

Aproveitando o ensejo, Temer recitou, de cabeça, um trecho de Aprendendo com Aprendizes, clássico de Chalita. “Construir vínculos não é fácil. Somos seres humanos e, como tais, incompletos: sujeitos de erros e acertos, esperanças e temores, amores e frustrações. Apesar disso, desejamos e buscamos alcançar a plenitude do ser”. Após uma pausa contemplativa, o presidente interino completou. “Aí está descrita, com raro poder de síntese, a alma peemedebista”. Na sequência, à margem do rio Piedra, Temer sentou e chorou.